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Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

03 Mai, 2018

Arco do triunfo

A meio do meu destino, em direcção de Vale de Açor, nas viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra, encontro ladeando a estrada, plátanos dos quais os topos se unem formando um arco. Não é o arco do triunfo, o da cidade de Paris, é o anel que me transporta para a charneca, a união desta com as giestas, o rosmaninho, a carqueja, plantas medecinais outras não. Todas selvagens, brancas, amarelas, roxas, um ecossistema mediterrânico. Na aldeia os ramos e folhas do arvoredo, balançam tranquilamente pela acção do vento leve que se faz sentir.

03 Mai, 2018

Cinco anos

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Cinco anos de estrada, cinco anos de viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra. A levar histórias a todos aqueles posicionados nas aldeias e lugares, onde obter, é relativamente mais difícil. Escrevo particularmente de livros e seus derivados, estou surpreendido com a adesão dos aldeões, seja como utilizadores do acervo da biblioteca ambulante, como visitantes curiosos, pela simpatia e humildade de todos. Muitos não sabem ler, não estão habituados, têm na oralidade o meio de comunicar as suas histórias, na sua maioria velhos, parcas reformas, a terra é a principal sustentabilidade económica e cultural, no sentido de praticarem uma actividade ancestral, na sobrevivência do homem. Várias histórias foram escritas sobre as aldeias onde as viagens me levam, tantas vezes retorno aos mesmos locais, tantas vezes volto a escrever das mesmas aldeias, isto traz-me alegria, apesar do seu isolamento, continuam lá, estão vivos, consentem que contínue a realizar o meu trabalho, dando as histórias que levo, possibilitando a reunião de outras na minha memória. O meu obrigado a todos eles!

Na aldeia do Monte Galego, o interior da mercearia está repleto, uma reunião de aldeões, processando dados entre eles, ao mesmo tempo obtêm gêneros alimentícios. O José foi logo de manhã, quando o sol se levantou, com as suas cabras, levando-as a pastar. Mais tarde fez a manuntenção da sua horta, deu comida às galinhas, aos coelhos, pouco depois almoçou, o pouco que levou na marmita, mas que lhe amparou o estômago. Acabou de sair, entregou os livros, passou os olhos pelas prateleiras, escolheu, e foi à sua vida. Quando o sol afrouxar, vai recolher os caprinos, trazendo-os ao curral, certifica-se os restantes animais se estão bem, e termina mais um dia. Um reformado que se mantém activo, no corpo e mente, tendo a horta e os livros como aparelhos de musculação, numa aldeia na função de ginásio. As viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra, em território alveguense.

02 Mai, 2018

Eu...

Este espaço é um arriscar de letras, palavras, frases na construção de histórias. São histórias de viagens, poderão despontar outras, até pequenos textos e contos. Diáriamente conduzo uma biblioteca ambulante, cujos itinerários alcançam diversas aldeias e lugares do meu concelho. Abrantes é a cidade onde habito, mas é na sua área envolvente que recolho as narrações aqui escritas. Quando arrisco, é jogar determinando o objectivo de fintar letras, chutando palavras, apontando na criação de frases, para completar a sucessão de acontecimentos que caracterizam a acção, ou seja a história!

01 Mai, 2018

Coalhos

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 O rio Tejo perdeu a sua energia, não tem animo, ao contrário, o Rossio ao Sul do Tejo, no seu eixo principal, o trânsito automóvel está impaciente. As viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra, estão na aldeia de Coalhos, as suas terras planas, são oferecidas à rececepcão das águas do rio, quando este não as consegue suster no seu leito. Duas ribeiras atravessam este lugar, as suas águas continuam alegres entre os canaviais, para se esgotarem no grande caudal que divide o concelho no norte e sul. O equilíbrio entre árvores de grande porte, como os plátanos, que dão nome a um quinhão de terra, onde animais e aves de vários continentes são cartão de visita ao local, as nogueiras, o pinheiro manso, as hortas, dão um poder atractivo a quem observa na povoação, assim como no alto do outeiro, na outra margem, na parte do castelo. Uma pequena viagem a realizar logo pela manhã, numa tarde solarenga, com máquina fotográfica para durar o momento.

Tarde abrasadora nas viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra, na aldeia do Souto, estão trinta e dois graus de temperatura. O corpo torna-se trôpego no interior da bilblioteca ambulante, não está preparado para esta tirania do astro rei. Debaixo dele forma-se castelos de nuvens de cor cinzento escuro, esbatendo-se para o branco, tornando esta parte do dia asfixiante. Dia internacional do livro, quero que os livros, meus companheiros, diários nas viagens, sejam manuseados, lidos, que os venham buscar, que as suas histórias sejam propagadas por todas as aldeias. Até mesmo aqueles que não saibam ler, as oiçam das bocas de quem as lê, que sejam comentadas, nos cafés, no trabalho, na rua, que causem possibilidades de ultrapassagem para o isolamento e melhoria das suas aldeias.

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