Outonomania!
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O atenuar da têmpera é uma compensação ao outono ainda no berço, nesta manhã nas viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra. Estimulante para levar e dar histórias à Aldeia do Mato, poucos aldeões se avistam, mesmo ao pé um enche garrafões com água da fonte para levar até Lisboa. O desinvestimento económico, populacional e contrariedades diversas, colocaram esta e outras aldeias afastadas dos itinerários principais, ficou o casario, palcos de actividades ancestrais, a história destas comunidades reunida nos arquivos em livros e na oralidade de alguns ainda vivos. Algumas aldeias, impulssionadas por locais, não se deixaram abater, criaram soluções para se manterem buliçosas e atractivas, o exemplo da Aldeia do Mato, com a sua praia fluvial no rio Zêzere atrai pessoas de fora que a procuram nos meses de verão para banhos e pela frescura da sombra envolvente nas margens do rio. A biblioteca ambulante também procura esta aldeia para trazer histórias novas e as outras que estão aconchegadas nos livros, enredos de outros tempos sobre a história desta comunidade e restantes que vêm ao encontro da biblioteca.
Na aldeia de Coalhos o vento continua presente, a manhã está mais fresca que as anteriores desta semana. Da biblioteca ambulante não muito distante da EN 118, entrevejo a intensidade do tráfego em ambos os sentidos. Como seria bom os aldeões movimentarem-se até à biblioteca com mais frequência nas aldeias do itinerário desta. As histórias fariam deles outras pessoas, arrebatariam o seu isolamento, propiciariam soluções, olhariam o futuro com motivação. Não desistam, a biblioteca ambulante elabora sucessos.
A noite foi quente, o vento soprou com violência, a janela meia aberta permitiu o acesso ao ar fresco, também os sons nocturnos tiraram vantagem desta brecha. Ao longe o troar da trovoada seca, o céu relampagueado, tornaram a escuridão misteriosa e brilhante. Os cães amedrontados não ladraram, as disputas dos gatos na rua foram adiadas, só o portão grande sacudido pela ventania se queixava. A manhã ainda é uma incerteza, como serão as viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra?