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Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

Viagem a pé pela Rua Santa Isabel

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Como só para a semana as viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra retomarão a normalidade, tomei a direcção da Casa Amarela entrando pela Rua de Santa Isabel no sentido sul. Uns metros mais adiante o aroma a broas fervidas alcançou-me, vindo da fábrica dos bolos da Pastelaria Palha de Abrantes, até que a mescla de mais cheiros quase me venceu. Muitos deles irão mais logo ser degustados na XVII FEIRA DE DOÇARIA ( evento no Jardim República até domingo ), as tijeladas, a palha o doce mais simbólico deste território. Logo ao lado, porta com porta, o restaurante Santa Isabel outro exemplo da boa gastronomia que se realiza na cidade, estão de parabéns o Alberto e sua equipa. Da actual rua são estas duas situações que se destacam, a rua teve outro topónimo, Rua Cega, referido num documento de 1431, alterado pela CMA em 4 de Outubro de 1836 para a designação presente. Por curiosidade em 1707 a rua tinha 15 moradores fintados dentre os quais constam 4 mareantes, 2 pescadores, 1 doutor, 1 farinheira e 1 hotelão ( Toponímia Abrantina, Eduardo Campos, 1989 ). Há uns anos atrás esta rua foi a mais emblemática da cidade tendo canteiros ao longo da mesma com trepadeiras e roseiras que lhe davam um equilíbrio e beleza fora do comum. Com a alteração no património edificado a mesma perdeu a genuinidade anterior, com danos irreparáveis na sua arquitectura. Caminhando na rua até à sua derradeira calçada, saí-se no Largo Motta Ferraz, tendo como panorama o pórtico da Igraja da Misericórdia.

Sedentos de histórias

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 A estrela ao redor da qual andamos, onde na outra metade já não volta atrás na sua descida desenfreada na  direcção do horizonte, está ainda na parte de cá sonhando no travesseiro tapada pelo manto de nevoeiro. Neste momento no lugar na estrada que atravessa a cidade desde a rotunda da caserna até ao seu acasalamento com a nacional 2, a portagem, o trânsito automóvel supera o normal nesta hora. Viaturas amarradas a outras transportam cães revelando olhares macambúzios, juntos uns aos outros para se protegerem do frio da recente manhã. São caçadores rumando ao alentejo esperançados num dia abundante na captura de animais silvestres, mais não seja devido à escassez da bicharada, pelo convívio entre todos. Soube que na próxima semana a biblioteca ambulante, retoma as viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra, a intervenção mecânica a que foi sujeita, terminou da melhor maneira. Assim voltarei a sentar-me, colocar a chave na ranhura, rodar, ouvir o motor a declamar, agarrar no volante, pé no pedal, accionar a marcha atá às aldeias, onde aldeões sedentos de histórias aguardam a biblioteca.