Não se deixam conquistar
Meio dia cerrado, de tarde o sol alastrou-se trazendo alma às viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra, o destino Chaminé e Água Travessa. Subtilmente molhado o dia todo derivado da orvalhada, das baixas temperaturas, o asfalto ultrapassa-se com precaução, ainda assim a tarde está amena na primeira aldeia a ser visitada pela biblioteca ambulante. Na aldeia de Água Travessa, despontam leitores repondo histórias, retirando outras, até outro dia voltarem outra vez. Quem também chega é o frio, a impressão de uma força aproximando-se devagar, ao atingir-me os membros inferiores ganha avanço rapidamente, sentado no interior da biblioteca, não tenho maneira de me opôr, como se agulhas de gelo se espetassem pelo meu corpo, finalmente o centro nervoso é absorvido por este movimento silencioso. Só não atinge as histórias, as letras, as palavras, as frases, não se deixam conquistar, muito menos extinguir, desde as primeiras caligrafias, independentemente onde se tenham registado. Estão gravadas nas memórias, nos livros, na oralidade, tendo a biblioteca o dever de as preservar e difundir.