Fonte no lugar do Braçal
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A manhã fria não desmotiva o sol, nas viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra. Os seus raios tropeçam nas resistentes folhas ainda presas nos galhos das árvores, no seguimento deste acto involuntário, o efeito produz uma tonalidade dourada no pequeno vale onde se adapta a aldeia da Pucariça. A compor o cenário, as laranjeiras cobertas de tons amarelos, alaranjados, pedaços de terra rasgados por alfaias agrícolas, cuja cor castanho escuro acentua o verde do terreno. Onde andam as pessoas para não se aproximarem da biblioteca ambulante? Não há curiosidade de espreitarem as histórias? As narrativas os contos, as tramas os enredos, confortados nas brochuras, nas encadernações, impacientes por tão grande espera, teimam no adro da igreja, puxam por leitores, estejam onde estiverem.
As névoas dissiparam-se de vez nas manhãs das viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra. O brilho do corpo celeste inundou o território de tal maneira, que a biblioteca ambulante na aldeia do Tubaral se acomodou na sombra de uma laranjeira. Noutro sentido estão as mulheres, expostas ao sol aguardam pela padeira, enquanto as conversas convergem na azeitona. Uma, duas três fangas de azeitona para o lagar..., aqui ainda expressam algumas palavras num vocabulário cada vez mais apagado.. A laranjeira no seu estado mais avançado de gestação, tem os frutos amadurecendo, estando a pigmentação dos mesmos passando da cor verde para a cor laranja.
As laranjas e as histórias, ambas unidas umbilicalmente a duas árvores, esperam que as venham colher, beber do seu sumo, que mergulhem nas suas partes mais nutritivas, e com elas aumentar o conhecimento.
As viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra, todas as primeiras segundas feiras de todos os meses, assentam naquela que já foi a Notável Vila de Abrantes. Paragem para renovar, escutar e cuidar as histórias, que ficarão, que continuarão, que irão pela primeira vez acompanhar diáriamente, as viagens. São histórias que completam todos os que estão afastados, nas suas horas desocupadas, que chegam até eles na biblioteca ambulante. A rodagem por trinta e nove localidades, provoca compromissos duradouros, alguns para sempre, uma ligação incondicional com as histórias, um amor para toda a vida.
As manhãs das histórias à beira rio continuam implicadas com as brumas, as personagens descontraidamente integradas no seu meio natural, vigilantes e acolhedoras para com quem se aproxima.