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Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

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Quando o clube do coracão não tem uma prestação bem conseguida, após o final do jogo, fico com sentimento frustrado. Foi a impressão que fiquei ao final do dia de ontem, para colmatar tal malogro direccionei o comando da box. Pela primeira vez comecei a visualisar O perfume, série com a chancela da Netflix, criada por Eva Kranenburg, Philip Kadelbacth e Oliver Berben. O estado de desilusão em que me encontrava desapareceu logo nos primeiros instantes da sensual e sinistra sucessão de episódios, que desmemoriei a hora de deitar. Novo dia, a tempestade Gabriel despede-se, na estrada já ouiço os murmúrios da Helena aproximando-se, nas viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra. Nos confins deste território de percursos, a biblioteca ambulante permanece na aldeia da Foz, com as histórias determinadas a terem êxito.

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Lá em cima, perto das estrelas os traços deixados pelas máquinas voadoras  exibem as fantasias as leituras o conhecimento de se poder  chegar tão alto, transitar viajantes e bens com destinos a continentes, países e cidades. Cá em baixo nas viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra, a biblioteca ambulante deixa peugadas de letras, palavras, frases. São rastos de línguas, pensamentos, mensagens. São saudades dos que partiram, dos que continuam a partir, sobretudo são linhas de confiança, de acreditar nas histórias!

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A chuva voltou às viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra. Na Aldeia do Mato a manhã tingiu-se de cinzento, na rua quem passa, caminha com ritmo acelarado, abeiram-se da biblioteca ambulante, sem entrar, lá vão, protegidos pelos guarda-chuvas vergados pela acção do vento, com os braços ao redor do corpo, como que num longo abraço, a tapar o frio que se faz sentir. As histórias desanimadas nas estantes, por não terem  quem as venha arrancar da sua inércia, têem confiança de que algo de bom ainda possa acontecer. Apesar de ouvir o soar das onze horas no relógio da torre da igreja, continuo a não vislumbrar ninguém, preparam o almoço, aquecem-se nas lareiras, trabalham, partiram. O vento desenvolve a sua energia, os sussurros confusos que traz, são de desalento, de abdicação, de alentar o fracasso, como escreveu o poeta - dos fracos não reza a história  - . As viagens e as histórias continuarão pelas aldeias da minha terra, trilhando caminhos, contornando obstáculos, aliciando curiosos e leitores, com recursos inesgotáveis para os aldeões, procurando sempre levar, dar e fazer acontecer numa reunião de conhecimentos.

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