Apesar da barreira da névoa o sol consegiu posicionar-se mais alto, motivando as viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra. A biblioteca ambulante rumou à aldeia da Bairrada, pelo caminho a paisagem surpreendeu no lugar de Sentieiras do Souto onde a geada é rainha. O imenso tapete branco formado nas margens da ribeira, vazando logo de seguida no rio, mais parecia as planícies geladas do norte da europa. Após transpôr este vale apertado a bilioteca ultrapassou o obstáculo escorregadio do asfalto. No cimo de tudo, com vista para o rio, as histórias confiam nas gentes locais.
O frio continua, mas o sol brilha desde manhã cedo. Na deslocação nas viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra, a biblioteca ambulante foi surprendida pela travessia brusca, sem tempo de durar o momento, de uma raposa na estrada no destino à aldeia do Carril. As histórias vão-se demorar na aldeia que acompanha o declive, aguardando os aldeões. Sulcam as suas hortas semeando e plantando legumes que serão colhidos mais perto da estação das flores. Algumas chaminés libertam fumo, nalguns casos ainda se cozinha com panelas de ferro, noutros é só para aquecer a casa. Maneiras simples de perdurar com dignidade nos lugares distantes das cidades acolhendo as narrativas itinerantes com cobiça.
Muito nevoeiro com o termómetro da biblioteca ambulante a marcar um grau negativo nas viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra. Na viagem com destino à aldeia do Vale de Horta, a visibilidade foi quase nula, só os faróis dos automóveis projectando os fachos de luz denunciavam a circulação de veículos. No princípio da aldeia um homem sentado num pequeno banco defronte da casa, aquece a sua velha espessura ao sol, o qual neste lugar conseguiu desfazer o bloqueio da bruma espessa. Mesmo assim o frio manteve a sua posição dominante neste primeiro dia de levar histórias a quem permanece nas aldeias.