Aconteceu a preto e branco
A manhã aconteceu a preto e branco, a tarde nas viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra sucede colorida e quente. Na primeira aldeia, a ausência foi presença assídua, no período em que a biblioteca ambulante se demorou com as histórias. Somente a frescura branda do vento a impulsionar a viagem seguinte para a aldeia da Água Travessa, onde certamente leitores se acercarão das histórias. Na Chaminé são os velhos a população emergente, os outros são poucos, regressam no final da tarde, nunca os vi chegar, vejo os da Água Travessa. Aliviados por mais um dia de trabalho terminado, surgem estafados, e apressados, com olhares fugazes na direcção da biblioteca ambulante. Nunca tiveram a ousadia, a curiosidade de espreitarem as histórias, parece fugirem delas como o diabo foge da cruz, nunca se interessaram de perceber a teimosia do viajante das viagens e andanças, de voltar sempre á aldeia. Saberão eles, que há quem leve e traga histórias na sua aldeia, que nunca faltam ao apelo das letras? Tenho esperança de um dia vê-los a caminhar no sentido das histórias, reunidos neste espaço, a tocarem, a mexerem, a escolherem histórias, a ganharem confiança, para serem eles a narrarem as suas histórias.