Continuando, com a harmonia das bibliotecas ambulantes nos territórios onde exercem a sua influência, todos sabemos das dificuldades encontradas nos dias de hoje, há cinquenta anos atrás, no ano da sua criação por sugestão de Branquinho da Fonseca, no sentido de promover e desenvolver a leitura, no acesso à informação daqueles com menos posses, e com dificuldades de deslocação aos centros urbanos, de conseguirem alcançar as histórias. Naquela época não se colocavam as barreiras como hoje, não sendo muros de inacessibilidade á leitura, mas sim de a colocar, conquistando interessados. Actualmente continuam as classes menos favorecidas, as aldeias permanecem nos mesmos sítios, afastadas das sedes de concelho, só que o desenvolvimento tecnológico evoluiu, os interesses são diferentes, o acesso á informação é facilitado através das máquinas, computadores, telefones, isto para os que ainda resistem nos locais menos povoados, que sabem ler e sem problemas de subsistência económica. Os outros na sua maioria estão velhos, muitos nunca pegaram num livro ou não sabem ler, partiram procurando aspectos necessários para existirem melhor, com isto reunido, sobra uma população resignada e caduca. São panoramas com que se deparam as bibliotecas ambulantes diariamente, aldeias com leitores, aldeias onde nem as pessoas se deixam ver. Não é por isto que se vai desistir, é um problema que abrange todas as bibliotecas, mesmo as fixas, das quais somos os seus braços. Não vamos fechar as bibliotecas fixas por cada vez terem menos leitores e utilizadores, qualquer um hoje em dia perante uma interrrogação, acede ao seu PC, pesquisa num motor de busca e tem inúmeras opções de resposta para o que pretende. Umas e outras têm de se adaptar, reiventar com serviços que atraiam as populações, sem com isso deixar de usar o seu estandarte, as histórias, a leitura é a sua batalha principal. Já instaladas nos diversos territórios, as bibliotecas ambulantes conquistaram a confiança dos que a utilizam, dos que a observam, dos que estão quase a entrar, demora anos a educação na leitura, não vamos agora que estão a ceder, á vergonha, á curiosidade, á vontade de voltar a folhear páginas, aprender a ler outra vez, abandonar estas pessoas. Seria um golpe duro, como ficariam, emocionalmente, que maldade fizeram para nunca mais assistirem á permanência das bibliotecas ambulantes nos seus territórios. Temos que procurar novos caminhos nos nossos espaços, entrar noutras aldeias, bater às portas dos aldeões, buzinar as bibliotecas ambulantes, como o fazem o padeiro e todos os outros que não desistem. Dependem uns dos outros na oferta e na procura. Com calor, com frio, com muitos, com poucos, a nossa missão é a de continuar a circular nos mesmos, abrindo novos caminhos, ensinando os que aí vêm como se faz, mostrar que o conceito de Coesão Territorial, afinal já existe, são as bibliotecas ambulantes as pioneiras.