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Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

Wook.pt - A Barata

 

Sinopse

«Naquela manhã, ao acordar, Jim Sams, esperto, mas algo leviano, depois de uma noite cheia de sonhos perturbadores, viu-se transformado numa criatura gigantesca.»

Jim Sams sofreu uma metamorfose. na sua vida anterior, era ignorado ou até considerado repugnante. Na sua nova encarnação, é o homem mais poderoso da Grã-Bretanha - e a sua missão é fazer a vontade do povo.

Nada poderá desviá-lo do seu caminho: nem a oposição, nem os dissidentes do seu próprio partido, nem sequer as regras de uma democracia parlamentar.

Com a inteligência, a perspicácia e o humor contundente que lhe são característicos, Ian McEwan homenageia a obra mais famosa de Frank Kafka, mostrando-nos um mundo virado ao contrário.

Gradiva, Novembro de 2019

Wook.pt - O Barco das Crianças

 

Sinopse

De manhã, ao preparar-se para ir para a escola, Fonchito vê um homem sentado num banco do parque, contemplando o mar, Intrigado, por vê-lo ali a cada manhã, decide ir ao seu encontro para lhe perguntar o que procura ele, sempre sentado no mesmo banco, O velhinho, com um sorriso nos lábios, decide partilhar com Fonchito uma história muito antiga e extraordinária. E todos os dias, antes de o autocarro da escola chegar, Fonchito passa a ouvir um novo capítulo das aventuras de um barco cheio de crianças que, desde a época das Cruzadas, navega nos mares do mundo.

Editorial Presença , Maio de 2019

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O rio tejo continua castanho mas perdeu a bravura dos dias anteriores, a neblina ainda não se desprendeu na aldeia da Barrada nas viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra. Depreendo que tal não irá acontecer hoje, as horas avançam, não tarda a noite cai sem se ver o sol. Também os leitores não despontam, estão agarrados nas suas casas a moldar massas para as filhoses, os coscorões, bolos, tudo o que uma mesa de consoada merece no que diz respeito à doçaria. A aldeia espera que os seus filhos regressem nos dias que se aproximam, que voltem a ocupar as casas onde cresceram, choraram e riram. Tragam confiança aos seus velhos pais,  não se esqueçam das origens e que continuem sempre a voltar ou mesmo ficar. Deixando para trás a aldeia a biblioteca ambulante ruma na direcção de outra aldeia, São Facundo, a estrada fura a charneca, onde a água ainda não parou de escorrer dos cabeços e planaltos no sentido das ribeiras, não parando de engordar este cursos naturais. A ansiedade está acima de tudo, é a intuição do viajante das viagens e andanças nesta última aldeia, poucos se mostram, só alguns homens seguram as garrafas das minis nos cafés, o hábito já ultrapassou a vontade. A impaciência que referi atrás é silenciosa não se vê, mas sente-se na povoação. Aqui a preparação está em marcha, até ao final do ano, vêm uns vão outros, é um ir e vir sem parar, mais pessoas, mais automóveis, mais novidades, mais afecto. Depois tudo passa, os dia voltam a ser complicados de superar outra vez,  a solidão volta a ser companheira. Só as histórias os tiram da apatia, as aventuras, os personagens o tema, são motivacionais para prosseguirem afastados dos entes mais próximos.

 

Wook.pt - Um Milhão de Rebuçados

 

Sinopse

Quando desenrolamos um rebuçado, desvendamos a história de uma amizade inseparável.

Álvaro nunca tinha pensado ser recompensado por ajudar um amigo, até que recebeu, numa pequena lata, a lista de ingredientes para os rebuçados peitorais que se tornariam um projecto de vida.

Álvaro Matias veio de uma aldeia do concelho de Almada para trabalhar em Lisboa, onde, durante a Segunda Guerra Mundial, conheceu Dr. Bayard, o farmacêutico francês com quem partilhou amizade e sonhos.

Um Milhão de Rebuçados celebra o 70.º aniversário de uma marca que adoça o paladar de gerações, rebuçado a rebuçado.

Pato Lógico Edições, Outubro de 2019

 

Sinopse

Em CADERNOS DE BERNFRIED JÄRVI Rui Manuel Amaral aventura-se pela primeira vez no romance. Aqui, já com a desenvoltura que uma ficção longa requer, acompanhamos as peripécias quotidianas de uma personagem inverosímil, isto é, plenamente literária.

Temos aberto o caderno de Bernfried e aí chegados assistimos aos relatos de dias, de sonhos, de amores e desamores, de cafés e de gente peripatética que anima, em jeito festivaleiro, as páginas deste livro que nos faz recordar esses amarelecidos volumes onde à inteligência narrativa podia andar de mão dada a faceta mais lúdica da criação

Snob, Novembro de 2019

 

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Deixámos de estar acostumados às  intempéries, actualmente são baptizadas mas há um pai para todas elas o Inverno. As viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra, as histórias e a biblioteca ambulante, mais uma vez rumam para as aldeias do Vale de Zebrinho e Arreciadas. A chuva continua, embora o vento tenha abrandado a sua fúria, as histórias estão confiantes de encontrar leitores, o viajante das viagens e andanças acredita. O rio Tejo galgou as suas margens, as bermas que ladeiam a estrada que leva a biblioteca ambulante na direcção do Vale Zebrinho afogaram-se nas águas que a charneca saciada liberta. Os lençóis de água são assim inúmeros, criando a ilusão de que a estrada aumentou em largura, e não é bem assim. O cuidado na condução é redobrado até à aldeia, os campos parecem mais extensões dos vários cursos de água que correm no vale vindos do coração da charneca. Na aldeia, uma mulher com os cabelos indomáveis caminha, levando atrás de si o cão, indiferente ao vento e à chuva. Como ela estão as histórias, dispostas a sairem da biblioteca ambulante para um qualquer lar de um leitor ou leitora, sabem que são bem acolhidas, vão ser objecto de curiosidade nas famílias de adopção temporária. Andarão de mão em mão, observadas por olhos grandes e pequenos, outras vezes esquecidas num sofá, numa mesa. A chuva intensifica-se no sentido da aldeia de Arreciadas, ainda são numerosas a quantidade de árvores derrubadas pela ventania de ontem, o diabo passou por aqui, os eucaliptais alagadiços e arrasados por grandes máquinas que se deslocam com o auxílio de lagartas, engolem quem se aventurar neles. O cenário medonho termina na aldeia de Arreciadas, onde ainda assim o vento mostra a sua força, voltando a sacudir outra vez a biblioteca ambulante.

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A chuva cai sem parar, tem momentos de alguma violência quando empurrada pelo vento, as viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra, vão ter de encarar a Elsa. Não sendo uma leitora, a Elsa é uma semeadora de ventanias e águas, que não trará apaziguamentos esta tarde às histórias nas aldeias da Amoreira e Rio de Moinhos. Na Amoreira a biblioteca ambulante está constantetemente a ser sacudida pelo vendaval, a Carolina entrou como se tivesse sido disparada para o interior da biblioteca ambulante. O João aproximou-se debaixo de um guarda-chuva que não desiste de o mostrar à ira da Elsa, na rua as pessoas apressam-se para chegar às suas casas, os automóveis com os faróis acesos antecipam a noite a meio duma tarde invernosa. No café os homens de bóinas enfiadas na cabeça, e mãos nos bolsos, meio confusos entre sairem estugando o passo ou ficar continuando a beber. Em Rio de Moinhos o nevoeiro agarrado à terra torna mais difícil a visibilidade, felizmente que as histórias são um farol para os leitores e uma interrogação para quem não lê. A ousadia das letras, das palavras, perante uma Elsa demoníaca o arrojo dos que lêem, estimulam a reflexão  naqueles que não dão importância ao trabalho desenvolvido por quem tráz e dá e por quem recebe e leva. Mas as histórias à semelhança da teimosia do guarda-chuva, gostam de se revelar, de continuar a seduzir os que continuam indecisos.

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A depressão Elsa mostra a sua tendência para os próximos dias nas viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra. Um céu escuro com vento à mistura recebeu a biblioteca ambulante na aldeia do Monte Galego. Só o José enfrenta o distúrbio meteorológico, tudo para não perder uma boa história que o acompanhará nas noites frias. Segundo diz, ainda encara as oliveiras com a mesma atitude do início, já passou mais de um mês e a azeitona não se esgota. A conversa girou ao redor dos lagares, do preço por quilo da azeitona quando entregue no lagar para ser esmagada e fazer correr o líquido dourado. O viajante das viagens e andanças além de dar acesso ao conhecimento, também passa a entender sobre o quotidiano rural, o trabalho, como se faz, quais os períodos para plantar e semear, para colher, as estratégias para combater as maleitas que afectam árvores, frutos e legumes. É tão complicado como qualquer outro ofício por mais letrado ou científico que seja, e não se esvazia, há sempre pormenores para patrulhar, e corrigir quando necessário. Ao chegar a Alvega, a chuva perde a insegurança e atira-se, no largo com receio que a quadra os visite sem se aperceberem, inflamaram precocemente a madeira. As histórias seguras do que preservam, ficam no lugar sem muita esperança que um qualquer leitor surja.

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