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Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

Numa livraria perto de si

Wook.pt - Rapazinho

Sinopse

Rapazinho (Little Boy) é o derradeiro testemunho e testamento literário do maior poeta da Geração Beat - parte autobiografia, parte recordação dispersa, parte torrente de linguagem e sentimento, e sempre com o tom mágico da escrita de Ferlinghetti. No livro, há reminiscências biográficas entrelaçadas com explosões de energia e de recordação, reflexões, reminiscências e profecias sobre o que podemos esperar da vida no futuro. Rapazinho é uma fonte de conhecimento literário com alusões ao mundo e à vida literária do autor, à sua geração, erros e descobertas - e um convite ao maravilhamento.

Contando episódios da infância, da adolescência e da Segunda Guerra Mundial, da vagabundagem em Paris e do começo da sua existência em São Francisco, Ferlinghetti cruza continuamente o território da autobiografia, mas mantém-na como fio condutor de um romance breve, luminoso e destinado a recordar o mundo como ele devia ser.

Quetzal Editores, Novembro de 2019

Texto da tetra 10

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No final de domingo, numa noite não muito fria a abertura dos noticiários nas televisões tiveram como assunto a chegada dos repatriados e possíveis infectados com o corona virús, na China na cidade de Wuhan. Ambiente alvoroçado entre os jornalistas perante a possibilidade de se aproximarem cada vez mais do local de aterragem do avião militar na Base Aérea de Figo Maduro. O mesmo acontecia no centro de Lisboa no ministério da saúde com a hora da chegada, nesse exacto momento, membros do governo, incluíndo a ministra tutelar, com a directora Geral da Saúde iniciariam uma conferência de imprensa.Também aqui os jornalistas disputavam o melhor lugar para as entrevistas e captação de imagens fotográficas e televisivas. Após a aterragem do C130 da Força Aérea, foi visível o cortejo de sumptuosas viaturas do SNS em direcção da aeronave, logo atrás muitas ambulâncias. Os ocupantes destes veículos adquiridos com recursos financeiros do país, vestiam umas batas e tinham o rosto coberto por máscaras, aparentavam estar deslocados da missão para a qual foram convocados, nomeadamente com a obrigatoriedade de usarem todos aqueles acessórios de segurança. Com outra aparência, os militares percorriam a área com normalidade pois não é a primeira vez estarem expostos a situações de perigo. Regressamos uns anos atrás, quando estes casos eram rotulados de " Ficheiros Secretos " com agências governamentais a disputarem as investigações, onde se destacaram os agentes Fox Mulder e Dana Scully, James Bond, Gabriel Allon, Ethan Hunt nas suas missões impossíveis. Em Portugal, Tomás Noronha e o inspector da Polícia Judiciária Jaime Ramos, que nunca recusaram um envolvimento destas circunstâncias. Jaime Ramos há pouco tempo vindo da China, mais propriamente de Pequim, o seu passado buliçoso fê-lo viajar em busca de pedras soltas, mas será que foi só isso? Que organização terrorista ou governamental colocou o coronavirús no mercado de Wuhan, capital da província de Hubei com o intuito de criar uma epidemia e tentar causar a sua propagação a todo o globo terrestre? Qual a explicação  para a omissão da identidade destes passageiros dissimulados por detrás das mascáras? Estas e outras questões voltam a colocar a cidade de Lisboa setenta e cinco anos depois no itinerário dos agentes secretos e espiões.

Numa livraria perto de si

Wook.pt - O Gato Malhado

 

Certa noite, dormia a Lua profundamente, o gato Malhado foi surpreendido por um estrondo vindo do fundo do quintal. O cão Patudo também acordou e pôs-se a ladrar feito um louco desvairado. Alguma coisa tinha caído ali, mesmo no meio do jardim da D. Alzira.

Cão e gato deparavamse agora com um dilema antigo: mostrar um ao outro qual o melhor dos dois, ou juntos, unindo patas, descobrir o invasor que caíra do céu.

Livros Horizonte, Junho de 2019

Desafio de escrita dos pássaros #2.1 - Acho que a coisa não vai correr bem

 

 

Acho que não vai correr bem, mas o meu apego e vontade de compreender o livro foram mais fortes. Há muito que cobiçava ler a história, e foram muitos os esforços para a obter. Então numa tarde acanhada tomei a decisão de abrir o livro, desejando que me omitissem do lugar onde estava. Foi assim que iniciei a leitura, após algumas páginas mergulhado na narrativa, detetei que algo me puxava. Uma corrente líquida de cor escura com um forte odor a tinta, não era um corante qualquer, mas sim tinta de que nos servimos para escrever. Quase me afogava, ainda sem entender, agarrei-me com toda a força que tinha a uma pena que por ali passava. Não demorei muito tempo a compreender, após estar restabelecido do que me estava a acontecer, a pena não era mais do que o corpo ao qual se prendia o aparo que deslizava numa folha, para trás já eram muitas as palavras e frases escritas.. Agora o aparo ganhava velocidade, quem o empunha aparenta estar com determinação de concluir a história, eu vacilo de um lado para o outro, a insegurança é muita. A impetuosidade e a destreza na criação de letras, palavras e frases não têm limites neste aparo. Acho que não vai correr bem esta aventura que estou a presenciar, a torrente de tinta provoca ondas de emoções, as palavras permanecem tristes, alegres, derramam lágrimas, soltam sorrisos. Eu é que não estou a achar graça nenhuma a tudo isto, acho que não vai correr bem. Sinto cada vez mais que o aparo perde velocidade, estanca, arranca novamente, mais lento, pressinto o final da narrativa, começo a ficar com atordoamentos, acho que não vai correr bem, perco a lucidez. Regresso, abro os olhos, continuo sentado no sofá com o livro na mão.

 

 

 

 

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