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Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

Wook.pt - A Estrada Para Oxiana

Sinopse

O clássico que estabeleceu o cânone da moderna literatura de viagens e que tem servido de inspiração aos grandes escritores contemporâneos.

Em 1933, Robert Byron partiu com a sua excêntrica personalidade numa viagem pelo Médio Oriente, passando por Beirute, Jerusalém, Bagdade e Teerão, tendo por destino final Oxiana — a região do rio Oxus, antigo nome do Amudária, que servia de fronteira entre o Afeganistão e a União Soviética. A chegada ao seu destino, a lendária Torre de Qabus, embora uma maravilha por si só, é muito menos extraordinária do que o registo profundamente cativante, e por vezes cómico, das suas aventuras. Para além da diversão que proporciona, este livro oferece um raro testemunho dos tesouros arquitectónicos de uma região actualmente inacessível para a maioria dos viajantes ocidentais.

 Tinta da China, utubro de 2014

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A ventania não me impediu de adormecer na noite de ontem, antes disso, bem desperto ouvi objectos serem arrastados pela força do vento na varanda. Calculei que fossem as espreguiçadeiras, até há pouco tempo arrumadas, foram estreadas com o sol dos primeiros dias de primavera. Os inseparáveis frio e chuva também não quiseram ficar escondidos, a lareira voltou a estar viva na sala, aquecendo o viajante das viagens e andanças. O dia acordou como se deitou na véspera, voltei à casa grande das histórias, os poucos que se deixam ver na rua, são os que se deslocam para os seus ofícios,  como eu. Caminham rapidamente dentro dos agasalhos de inverno, rostos traçados por trejeitos derivados do frio, do período que atravessamos, sem sabermos a onde nos levará. Na casa grande, as histórias continuam nos mesmos lugares, a meia-luz, os seus títulos são imperceptíveis, o silêncio tornou-se no grande leitor. Terá tempo para ler todas estas histórias?  Haverá nos diversos espaços da casa um silêncio para cada um? Percorrendo vagarosamente, escuto que o silêncio é diferente quando transponho os diversos limites da casa grande. Uns são mais absolutos que outros, o silêncio dos que cá estão desde os meados do séc. XVI, e o silêncio dos que vieram depois. Só as histórias não têm silêncio, quem as lê ouve  através das palavras o que os escritores nos querem comunicar. Os personagens, as ilustrações, são os tranportes do pensamento de cada um. Os gritos, as vozes, as gargalhadas, os lamentos são as emoções, sentidas por nós  ao lermos as histórias. E nós o que somos no silêncio?

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No mesmo tempo com horas diferentes, rompe outra semana, normal numa anormalidade que não há memória. Talvez só no início do século passado, mais propriamente em 1918, quando a gripe pneumónica, popularmente designada por gripe espalhola, dizimou só em Portugal aproximadamente 136 mil habitantes. Estamos no tempo em que as cidades se tornaram aldeias gigantes e vazias, não há crianças, adultos e velhos nas ruas. Os que arriscam são aqueles que ainda trabalham, os que necessitam de adquirir alimentos, ou os outros, os que não conseguem cumprir o que está em vigor agora. Parecem ratos, apressados quase não se deixam ver, têm momentos que se assemelham mais a sombras do que a pessoas. Na minha cidade a polícia não se cansa de patrulhar as ruas, tem piada, num dia transitam mais vezes pelas suas artérias do que se fosse numa semana inteira, de um tempo atrás, em que permanecia tudo normal. Ao contrário as aldeias iniciaram um período há muito esquecido no interior das suas fronteiras. A progressiva chegada de muitos dos seus filhos, há muito afastados das suas raízres, pelos mais variados motivos, a pandemia tornou-os  fugitivos. Fogem de algo invisível e mortífero, têm medo, sentem-se seguros nas suas aldeias, julgam assim que o vírus não os caça. À custa deste devaneio e de alguma hipocresia, inadvertidamente  poderão estar a contaminar   os mais frágeis, aqueles com menos defesas, os que sempre habitam as aldeias. Que consequências irão infligir nesta povoações. Quando tudo passar, poderão ficar, uma vez seguros agora, confiantes para sempre nas aldeias que sempre os abraçaram. Ou então, vão-se os velhos de vez, e vão os que só vieram acobardados. As aldeias ficarão desabitadas, serão raros os que vaguearão, pelas escassas ruas desertas, casas vazias de murmúrios de risos e choros, só os gritos do silêncio perdurarão.

Wook.pt - Artur e as Pessoas Muito Apressadas

Sinopse

 

Todos os dias, o Artur tem de se despachar a fazer tudo. O pai, a mãe, o professor e a auxiliar da escola dele estão sempre cheios de pressa!

Assim correm os seus dias, rodeado de pessoas muito, muito, apressadas. Até que, certa manhã, o Artur tem finalmente a oportunidade de fazer as coisas ao seu ritmo…

Livro alegre com ilustrações coloridas, frescas e engraçadas!

História com espírito caloroso e reconfortante sobre a relação próxima entre pais e filhos.

Fábula, Setembro de 2019                                         

Wook.pt - Terra Americana

Sinopse

Ontem Lydia era dona de uma livraria.
Estava casada com o homem que amava.
Vivia rodeada de família e amigos.
Hoje Lydia perdeu tudo.
Tudo, menos o filho, Luca, de oito anos.
Por ele, vai amarrar uma faca de mato à perna.
Vai saltar para um comboio de alta velocidade em andamento.
Vai até ao fim do mundo.

Únicos sobreviventes do massacre da sua família às mãos de narcotraficantes, Lydia e Luca sabem que têm de fugir do México imediatamente. Cada minuto conta. Cada troca de olhares está impregnada de perigo. Em cada momento de fraqueza pulsam a vida e a morte.

Já considerado um clássico moderno da literatura americana e comparado ao romance As Vinhas da Ira, de Steinbeck, Terra Americana é um romance oportuno, incómodo e, acima de tudo, impossível de esquecer.

Edições Asa, março de 2020

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Só agora início a escrita, o dia tem sido intenso nas viagens e andanças pelos limites da minha casa, a primeira viagem é pela manhã com a rega das flores, quando necessário, o exemplo de hoje, depois de deixar a cara metade no emprego, foi adquirir géneros alimentícios, com alguma cautela encontrei o que desejava. De seguida, já em casa, a continuação da leitura de uma história que estou perto de terminar. Mais umas tarefas domésticas, almoçar, para me sentar a catalogar umas histórias, muitas são as viagens que faço em casa, só o teletrabalho me prende na sala durante o segundo período do dia. Está a ser uma experiência interessante, claro que as viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra, com diferentes aldeias e panoramas são mais motivantes. Tenho saudades das suas gentes,  se continuarão nas hortas, se andarão a trabalhar, a pequenada  sem escola, estarão a ser tolerantes. As histórias lidas, as que faltam ler, mas que nunca mais chegam.

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A manhã está perfeita desde que o sol se levantou, nem a neblina lhe retirou o encanto, bom augúrio noutro dia de viagens e andanças pelos limites da minha casa. O sol do meio dia está forte, na viagem que efectuei ao quintal lá em baixo, não aguentei muito tempo, as árvores com as suas folhas ainda não conseguem cobrir de sombra o espaço que as envolve. Quando estiverem no auge da folhagem, então sim, a permanência será mais prolongada, as flores resistiram ao vento que ontem as açoitou, estão felizes dentro dos seus vasos e canteiros. Quando as rego, digo-lhes sempre algo, muitas delas segredam, desabafando o que lhes vai na alma, são muito vaidosas, por isso a franqueza é sempre acerca de umas e outras. - Aquela é horrível, cheia de espinhos! A outra advinhando as palavras que ouvi, quando me aproximei, exprimiu a sua indignação. - Tenho espinhos para me proteger, tirando isso as minhas flores são bonitas e perfumadas! Diz-me numa voz afogada. Continuando a deitar a água, mais azedumes me chegam aos ouvidos, desta vez o problema são os vasos. A sardinheira diz-me que o vaso que acolhe as frésias é mais bonito que o seu, respondo que as suas flores têm mais beleza e assim por diante continuo a regar e a ouvir. É sempre assim cada vez que viajo ao quintal paparicar as flores, têm sempre uma história para  cochichar, uma novidade para me dar.

 

Wook.pt - Todas as Palavras

Sinopse


 Corria o ano de 2001 quando a Assírio & Alvim publicou a primeira edição da Poesia Reunida de Manuel António Pina. Pouco depois escrevia Eduardo Prado Coelho no Público: «Talvez agora, no momento em que a Assírio & Alvim publica a Poesia Reunida de Manuel António Pina, estejamos em condições de poder afirmar que nos encontramos perante um dos grandes nomes da poesia portuguesa actual. Uma extrema delicadeza pessoal, uma discrição obsessiva, uma cultura ziguezagueante e desconcertante, mas sempre subtil e envolvente, um sentido profundo da complexidade da literatura, e também, sobretudo, da complexidade da vida, têm talvez impedido a descoberta plena e mediática deste jornalista e homem de letras também voltado para os jogos mais leves e embaladores da literatura infantil. Contudo, torna-se imperioso dizê-lo agora: este tom deliberadamente menor sustenta uma obra maior da literatura portuguesa». A edição que agora se apresenta, numa belíssima edição encadernada e substancialmente ampliada, inclui todo o trabalho poético do autor de 1974 a 2011.

Assírio & Alvim, dezembro de 2018                    

24 Mar, 2020

#Fique em casa

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O sopro do vento, interrompe o silêncio que tomou conta de tudo o que nos rodeia nos últimos dias. Noutro dia de viagens e andanças pelos limites da minha casa, estou na sala, numa viagem curta,  acabei de sair da cozinha após  lavar a louça do almoço, sem antes ter ido transportar a minha cara metade ao seu local de trabalho. Tantas vezes que viajo pelos espaços cá de casa, subo e desço as escadas, entro e saio, agora sentado, com o meu teletrabalho, num intervalo de reflexão, com os olhos postos no tecto, verifico algo a movimentar-se. Mais atento, dou de caras com um pequeno aranhiço todo consolado na sua teia, obra de arte sem igual na natureza, e pelos vistos na minha casa. Ali está ele no seu lar, ao mesmo tempo uma armadilha mortal para qualquer insecto seduzido por aquele lugar. O vento irado, sacode com violência as flores e árvores no quintal, tenho receio que danifique alguma, mais logo noutra viagem irei indagar se ocorreu algum dano. A manhã surgiu soalheira, agora as nuvens ocupam todo o espaço aéreo, impedindo-me de ver o céu a zul das janelas da sala. No tecto o aranhiço indiferente, protegido na sua teia, aguarda pacientemente que a curiosidade de um qualquer insecto, o estímule a aproximar-se e vir a ser a sua refeição, dando força ao lema que vigora #FIQUE EM CASA.

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Sem viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra a acontecerem, inicio hoje e por  tempo indeterminado o teletrabalho. Uma situção nova para muitos de nós, até para as histórias que continuam na biblioteca ambulante a aguardar por dias que teimam voltar a ser normais outra vez. Foi um dia de viagens e andanças do quarto para o wc, depois para cozinha, terminando na sala. A partir daqui as viagens sucederam consoante as necessidades do viajante das viagens e andanças. Apesar das contrariades, as histórias cá de casa são úteis, na cozinha os livros de culinária ajudam e ensinam a diversificar as refeições, sobremesas e bolos para os lanches. Na sala, outras confortam no intervalo das tarefas, no quarto ao lê-las, adormeço saciado de um bom enredo. A varanda e o quintal, espaços fantásticos para se ler, ouvindo ao mesmo tempo a cantoria da passarada. Viagens e andanças, de poucas distâncias, com muita aprendizagem e conhecimento. 

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