Hoje lembrei-me do futebol e do Sporting, clube pelo qual sinto uma grande paixão, cá em casa ao fim de semana, o jogo era uma forma de nos reunirmos na "biblioteca". Eu, o meu pai e os meus três filhos, não perdíamos um jogo do nosso Sporting, assim estávamos atentos, éramos ao mesmo tempo comentadores, treinadores e árbitros. Puxávamos pela nossa equipa, como aqueles que lá estavam a ver o jogo no estádio, gritávamos golo, alguns impropérios quando as incidências do jogo não eram favoráveis ao nosso clube. Entre resmungo, alegrias e tristezas, aquele tempo em que o jogo decorria era nosso. De repente tudo acabou, o futebol terminou, deixámos de estar reunidos, de saltar quando a bola entrava na baliza adversária. GOOOOLOOOOO! Gritávamos todos em uníssono, levantando os braços de contentamento. Os dias que antecediam os jogos do Sporting, muitas vezes eram expectantes, o dia do jogo nunca mais se aproximava. Quando a derrota nos surgia pela frente, algo que nos últimos tempos era frequente, o desânimo tombava em cima de nós, no dia seguinte o mau estar caminhava sempre ao nosso lado. Acabaram as conversas no café, as disputas clubísticas, as palavras que se atiravam para o ar com sentido provocatório. Transmissores e recetores de tais palavras nunca mais se reuniram no café, confio que estejam bem. No meu intimo foi bom o futebol ter terminado, a conflitualidade entre dirigentes, entre adeptos, estava a tomar o sentido dos extremismos, o resto, o jogo sujo de que tanto se discute, serão os tribunais a decidir quem prevaricou. Nunca mais vi futebol, nunca mais li sobre futebol, e no meio de toda esta pandemia talvez seja o menos importante, mas tenho saudade do convívio que ele proporciona, tenho saudade da adrenalina que ele gera. Afinal o futebol observado socialmente sem extrapolar os limites da violência é importante e faz falta a quem ama o jogo, as táticas, as fintas, os golos as defesas e os génios com a bola colada nos pés como se tudo isto fosse fácil.