Pelo fio do tempo
Um vento que não agoira nada de bom associado a uma temperatura assinalada na breve paragem, talvez descansando um pouco da subida abrupta logo de manhã, do mercúrio nos 25º do termómetro fixado na parede da cozinha. Esta intensidade não se fica por aqui, o mercúrio continuará a galgar vários patamares, chegando mesmo a ultrapassar os 30º e num último esforço se colar perto dos 35º. Continuo sem viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra, apesar deste estado de letargia, não me canso das outras viagens que já fiz na biblioteca ambulante, tendo por companhia, histórias. Muitas destas histórias, não regressam, ficam nas aldeias, sendo acarinhadas por leitores, alguns têm-nas dissuasoras da solidão a que estão abandonados. Quanto mais não seja, travam o isolamento, a inexistência de contactos com forasteiros, dialogar, abrindo página a página, descobrem gente diferente, com outros modos de vida. Encontram outros como eles, noutras latitudes, no norte no sul, ficam a conhecer os seus costumes, percebem que estamos todos unidos pelo fio do tempo que não tem fim.