O vento assobia, as copas do arvoredo não se cansam de bailar. Está frio, no interior das terras as sementes germinam, precisam de água, a pouca que resta evapora-se com a aragem que se faz sentir. Uma mulher debruçada para a terra, com movimentos bruscos e cadenciados, colhe erva para os coelhos, estruma-se terra de cultivo, cava-se aqui, cava-se ali, cava-se além, uma manhã de viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra. Na biblioteca ambulante vejo grande harmonia entre o homem e a terra, esta conciliação já foi mais numerosa, presentemente são poucos os que se entendem assim com a terra. A maquinaria expulsou muitos deste trabalho realizado desde sempre com as mãos, auxiliadas por alfaias agrícolas. Foram para longe, rumaram às grandes cidades na década de setenta, tornaram-se pedreiros, serventes, ingressaram noutras profissões necessárias à urgência de fazer crescer ainda mais essas cidades. Só as histórias não se cansam destes lugares simples, agora remotos para quem nasceu e cresceu aqui. Coalhos,13 de março de 2017.