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Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

08 Jul, 2021

Não rejeita...

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A sombra acolhe a biblioteca ambulante na aldeia da Concavada, na esplanada do café do Largo, homens sentados fumam cigarros sem parar. Talvez assim o tempo progrida mais depressa, mas apressados só vejo os automóveis que transitam nos dois sentidos, na estrada logo ali ao lado. Assim estão eles, fixando os telemóveis, ignorando os diálogos. São as aldeias dos tempos actuais, com população diminuída, poucos leitores, e transmissão de conhecimento pela oralidade em vias de extinção. Os velhos ausentes, chegaram ao limite da idade, confortados em lares, centros de dia, estão impossibilitados de dar o legado das suas terras às gerações futuras. A biblioteca ambulante receptora de acervos, não rejeita doações orais, também é para isto que existe, dar e receber é a sua herança. Os sussurros do vento tornam-se audíveis, será que as palavras do viajante das viagens e andanças encontraram um destino? 

06 Jul, 2021

Que o digam...

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Há dias bons e maus, hoje nas viagens e andanças não foi um dia bom. A ausência de leitores foi evidente de manhã e tarde nos locais onde a biblioteca ambulante permaneceu. Contudo, num deles, na primeira vez a ficar, a biblioteca ambulante fez acontecer apesar da carência. Não muito longe os olhares dirigiram-se na direcção das histórias, murmurações aconteceram possivelmente, distante o viajante das viagens e andanças não teve a percepção do que estaria a ocorrer. São imprevistos usuais de quem leva histórias, situações inesperadas e diversas sucedem a cada dia que passa nas viagens pelas aldeias da minha terra. O improviso faz parte, que o digam os viajantes, sejam eles quais forem. 

05 Jul, 2021

Estes pequenos...

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A manhã agradável convoca as pessoas a reunirem-se na esplanada do café, a biblioteca ambulante lucra com a amabilidade das primeiras horas do dia. Entre cafés fumegantes, diálogos que chegam a entusiasmar quem ouve, não se perde pitada das notícias lidas nas revistas. Voltamos atrás no tempo, quando a aldeia tinha mais pessoas, sou espectador das histórias das mulheres, a sua idade avançada não as embaraça, sabem de tudo um pouco. Daquele, daquela, os filhos, sei lá mais o quê, dito apressadamente. Estes pequenos momentos, leva-os para sempre o viajante das viagens e andanças, uma aprendizagem desprovida de adornos, oriunda dos costumes e da simplicidade desta gente. 

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Dia mundial das bibliotecas, dia mundial dos leitores que exageram das bibliotecas, dia mundial de todos aqueles que colaboram na promoção do livro e da leitura. A pequenada veio celebrar o dia na biblioteca ambulante, ocupam o espaço, retiram histórias, folheiam páginas, lêem as poucas letras que compreendem,  olham as ilustrações que os motivam a terminar rapidamente a história. Insuficientes no manusear, rasgam folhas, não importa, é dia mundial das bibliotecas. É dia da reabertura da biblioteca, de voltar a acreditar, é dia de lembrar António Botto. Viva a biblioteca, vivam as bibliotecas.