A sombra acolhe a biblioteca ambulante na aldeia da Concavada, na esplanada do café do Largo, homens sentados fumam cigarros sem parar. Talvez assim o tempo progrida mais depressa, mas apressados só vejo os automóveis que transitam nos dois sentidos, na estrada logo ali ao lado. Assim estão eles, fixando os telemóveis, ignorando os diálogos. São as aldeias dos tempos actuais, com população diminuída, poucos leitores, e transmissão de conhecimento pela oralidade em vias de extinção. Os velhos ausentes, chegaram ao limite da idade, confortados em lares, centros de dia, estão impossibilitados de dar o legado das suas terras às gerações futuras. A biblioteca ambulante receptora de acervos, não rejeita doações orais, também é para isto que existe, dar e receber é a sua herança. Os sussurros do vento tornam-se audíveis, será que as palavras do viajante das viagens e andanças encontraram um destino?