É agora uma fortificação...
As copas das enormes árvores sobressaem com a cor das suas folhas douradas no cinzento, um cinzento mais escuro nas nuvens paira no horizonte ameaçador em Vale Zebrinho. Não muito distante do local onde a biblioteca ambulante permanece, o som de uma moto-serra a separar pequenos ramos amontoados, sobras da colheita da azeitona. Não há ninguém próximo, de vez enquanto surge uma viatura interrompendo a tranquilidade do lugar. A chuva veio alterar esta pausa no tempo, o viajante das viagens e andanças enclausurou-se, protegendo-se da água que cai sem parar. A biblioteca ambulante é agora uma fortificação, as histórias continuam atentas, não vá querer invadir o espaço algum cavaleiro que as queira arrebatar das estantes. Escapar, levando-as para as usar nas noites frias na charneca, lendo as suas páginas junto da lareira, consumido-se nas palavras intermináveis das histórias.