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Nos meandros das ruas encaixadas entre prédios, cujas varandas apresentam roupa estendida, a biblioteca ambulante explora vestígios, deixados propositadamente, que marcam a época que vivemos, nesses lares. Para lá das portas, exceptuando o que acabei de descrever, as histórias serão assim como mostram as árvores de Natal. As luzes que não estão ligadas, mas quando a noite cai apressada como sempre nestes dias, ganham vida confirmando que afinal está tudo bem. As histórias que me acompanham, que estão ali à minha frente, onde algumas narram natais nos mais diversos lugares, dizem que não é bem assim. Há existências diferentes, mesmo em casas coladas umas às outras, em cima e em baixo. Histórias de violência entre pessoas que se amam, ou amaram, histórias de pobreza encoberta, histórias de solidão, de vergonha. Mesmo assim o Natal cobre todo este sofrimento silencioso, com estes adornes todos, colocados estrategicamente. Numa destas ruas, olhada por detrás de persianas, cujas frestas permitem sempre vigiar quem passa, a biblioteca ambulante, sem querer ser o Pai Natal, está de portas abertas para receber quem queira conversar um pouco, atirar para longe a solidão nem que seja momentaneamente. Ou mesmo levar um amigo para casa, onde possa poisar a vista e ler o que ele tem para lhe contar. Acredite que ficará melhor e mais saudável com a mente ocupada. A biblioteca é uma compartilhadora de sentimentos, apareça não se vai arrepender.