Prego a fundo...
Prego a fundo, foi assim que a biblioteca ambulante desta vez percorreu a distância de Abrantes a Monte Galego, um traço de auto-estrada impeliu um pouco mais as histórias a chegarem ao destino. A dúvida instalou-se na chegada à povoação, no local onde sempre se demora um pouco, a biblioteca ambulante, as histórias e o viajante das viagens e andanças, sondaram se o José teria estado a aguardar ou desanimado tenha saído inconsolável na direcção da sua casa sem as histórias. Felizmente, pouco depois um assobio interrompe o silêncio da tarde, um som agudo que transmitia tranquilidade, as obrigações para com a terra estavam realizadas por hoje, e o mais importante, ia devolver e trazer novas histórias. Desviei o olhar para a porta aberta ao fundo da biblioteca ambulante, lá vinha o José com o andar bambaleante a sacudir o corpo deformado pelo excesso de amor que tem pela sua terra. De manhã na aldeia do Tubaral não pude ficar indiferente às mulheres, ao mesmo tempo que aguardam a carrinha do padeiro, também deixam um pouco dessa vigia para as histórias que uma ou outra levam para ler. Foram as palavras de umas para as outras, de tudo se falava, para elas e para os os outros da aldeia, o conflito na Ucrânia não lhes diz muito. Sentem aquilo que vêm na televisão, referem o aumento dos preços dos produtos energéticos, mas ainda não perceberam que a desordem está instalada globalmente. A luta armada está na Ucrânia, com a invasão russa, mas a guerra é mundial.