Os dias andam encolhidos...
A chuva voltou, o frio está mais pronunciado e o vento anda zangado, na aldeia pouca gente se vê, só os mais corajosos, ou aqueles que precisam de bens alimentares e livros se avistam na rua principal onde tudo acontece. Com a porta aberta o ar gelado rompe a cortina que demonstrava afabilidade com o viajante das viagens e andanças, a leitora ausente a estas impressões externas, está a abrir caminho nas páginas das histórias, talvez a saltar capítulos para apressadamente chegar ao fim e optar as quais levar. Os dias andam encolhidos, ou sou eu que não os estou a aproveitar, o vento de leste é desanimador, não consigo estar alheio ao sopro do mesmo, está continuamente a murmurar aos meus ouvidos. O sol regressou, as nuvens também, choveu outra vez, agora os uivos do vento são mais sofridos, a aldeia é outra, só a apatia é a mesma nas ruas. Um homem empurrando um pequeno carro, recolhe o lixo das ruas, trabalho infrutífero, com a aragem que se faz sentir a limpeza não deve estar a ser bem sucedida. Os pingos grossos da chuva invadem o vidro grande da biblioteca ambulante, sem reacção fica rendido à água que não para de o atingir. Seria bom que houvesse um cessar por parte das nuvens que sobrevoam lentamente a aldeia, o viajante das viagens e andanças só quer preparar a biblioteca ambulante para outra viagem. O rugido do vento é mais forte, ao ponto de destrancar os portões que dão passagem para o espaço ao redor das casas. Sem resistência batem consoante a sua vontade, os cães em sobressalto não param de ladrar, neste tumulto as histórias fogem na boleia do ar em movimento...