Estou como o pescador ...
O frio não demove a chuva mesquinha a cair obstinadamente nesta manhã na Aldeia do Mato. Sem abrir as portas da biblioteca ambulante espero pacientemente por leitores aventureiros. Estou como o pescador lá em baixo no rio, aguardando sem perder a calma que o peixe caia na armadilha presa no anzol. Não têm conta os lançamentos da linha de pesca efectuados para a água até o peixe ser apanhado nas falsas afirmações do isco. No interior da biblioteca, sem linha, com a chuva a persistir vejo as pessoas a passarem protegidas pelos guarda-chuva, abatidas do frio, apressadas. As histórias não lhes dizem nada, vão à igreja, não são peixes. Não estou a pregar bem a minha doutrina, terei de seguir o exemplo do pescador no rio, no seu barco, aborda-los com inúmeros ensaios ao aproximarem-se, ou invocar à Virgem influência para desviarem os olhares no sentido deste rio de palavras, que corre sem se ver, movendo-se nas sinuosidades entre as aldeias.