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Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

 

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No largo, a biblioteca ambulante e o banco de alvenaria são lugares de saberes, ambos são procurados na aldeia. Diferentes na obtenção e nos assuntos, optei pelo segundo a ouvir o Francisco enquanto esperava a padeira. Homem de noventa anos, segundo ele ainda há meia dúzia de pessoas na aldeia,  as mulheres estão em casa, os homens trabalham. A mercearia e o café fecharam, influência da pandemia, abalaram as pessoas que frequentavam os estabelecimentos, no verão à noite juntavam-se todos no café. Há o café da Associação de Melhoramentos da aldeia, mas não atrai muito as pessoas. No carnaval vinham todos para aqui, a aldeia era a mais divertida, continua ele a dizer-me, quem estabelecia as bases para os festejos terem sucesso já partiram, estão com um monte de terra em cima, foi assim que me disse.  Está velho diz ele, em novo deslocava-se à sede de freguesia a pé, a buzina da carrinha do pão aproximou-se, interrompeu a conversa. Pouco depois com os pães no saco, veio-lhe à memória as horas do almoço, quando todos regressavam das hortas, era uma festa salientou. Actualmente não há nenhuma tratada, não há pessoas, as casas estão fechadas, outras para vender, mas diz, pedem muito dinheiro por elas, julgam que estão na cidade. A conversa tinha pernas para continuar, a refeição do meio-dia reclamava a presença do Francisco à mesa, e o viajante das viagens e andanças poderia ter queixas dos leitores por não chegar ao próximo destino à hora marcada.