O convite para dançarem ...
Outro dia com as mesmas histórias a serem lidas em aldeias diferentes a norte e a sul. A ponte, estrutura importante para transpor o rio Tejo, dá acessibilidade à biblioteca ambulante, há vizinhança que habita em ambas as margens. Há sempre histórias verdadeiras para trazer, da feira anual de Alvega, dos vestidos de seda estreados por cada uma nesse dia. Arrumados nos roupeiros, não os perdiam de vista nos dias que antecediam a feira, prognosticando como lhes assentariam no corpo. O evento durava três dias, o vestido teria de suportar o tumulto das pessoas no largo, e alguma astúcia a bailarem à noite na festa. O convite para dançarem precedia sempre numa piscadela do olho por parte do rapaz. A festa terminava próximo do rio com os foguetes a estourarem bem alto no céu, segundo elas actualmente já não é como dantes. Agora nas festas a banda está a tocar e ninguém dança, abanam o corpo, uma mão com uma mini e noutra um cigarro, estão naquilo a noite toda, rapazes e raparigas. Quando eram novas é que era bom, o acordeão iniciava os primeiros acordes e os pares distantes já se olhavam uns aos outros. A influência da ponte à circulação das histórias é fundamental para as comunidades partilharem maneiras diferentes de viverem, é indespensável à biblioteca ambulante no depoimento da oralidade e na história das aldeias.