Saborosas histórias escutadas ...
Há quem tenha crescido numa família numerosa, e não tivesse oportunidade de aprender a ler. Um tempo cruel, onde se fugia de casa para ir à escola, ser alcançada pelo progenitor e ter de voltar para casa, ser usada como ama de companhia dos irmãos mais novos. Felizmente existem as bibliotecas ambulantes, os planeamentos e pessoas interessadas em minimizar os estragos de uma sociedade descontinuada pela autocracia, fome e guerra. Ainda assim amputadas de saber unir as letras, comparecem com interesse ouvindo as histórias. Aliviadas por sentirem a proximidade sem diferenças, desprendem-se em mil palavras descrevendo episódios da meninice, como se fazia, as regras austeras impostas pelos pais, as interdições, os poucos livros lidos às escondidas. Saborosas histórias escutadas na sombra das árvores, a tagalerar, a isolar os momentos mais tristonhos nos quais tropeçam diariamente. No final é essencial a passagem pela biblioteca ambulante, levam sempre uma, as histórias necessárias para continuarem a confiar em si mesmo.