Lembrar os desatentos que são capazes de decidir ...
A nebulosidade acompanhada de alguns chuviscos não promete que possa acontecer a leitura da história com as pessoas da aldeia do Souto. O palco está pronto a ser usado para quem quiser aproximar-se da biblioteca ambulante e ouvir, Obrigado, uma história de vizinhos, escrita por Rocio Bonilla. Somente os pássaros se ouvem na primavera adormecida, o cheiro libertado pelas flores silvestres também chega empurrado pela amena aragem, faltam as pessoas para ficar tudo perfeito. De um momento para o outro a plateia transformou-se com as cadeiras ocupadas e as pessoas a escutarem a história, receosos, aventuram-se soltando palavras, a retratarem como estão as suas aldeias actualmente, casas fechadas, meia dúzia de velhos. Só a padeira, e o peixeiro em dias marcados, surgem pela manhã, uma recorre ao vizinho através de um papel escrito, a lista com o que deve trazer do supermercado da cidade. Comentam os jovens no presente, só estudam, quando eram novos aprendiam ofícios basilares para vencerem o caminho que tinham pela frente. Estas e outras descrições de vidas remediadas, ao mesmo tempo cheias de felicidade.
A tarde não foi diferente, as nuvens continuam presentes, só as clareiras se destacam a deixar a luz solar entrar na aldeia das Bicas. As pessoas estiveram presentes para a última leitura de uma semana inundada de gente simples, com histórias de vida, sobreviventes de um massacre ao conhecimento e liberdade. Foi bom partilhar a lição que nos deram durante estes dias, de manhã de tarde, a inclui-los no convívio, a lembrar os desatentos que são capazes de decidir. A biblioteca ambulante, os livros e as histórias estão lisonjeadas por serem opção, ou mesmo um trampolim para as pessoas, e instituições, chegarem mais longe. Obrigado ao grupo envolvido.