No estendal a roupa branca ...
A água na bica não se cansa de correr, é a terra a expressar-se, a revelar-se aqueles que matam a sede na fonte, ao viajante das viagens e andanças. Ao bebermos dela ouvimos confidencias, as palavras alegres, os queixumes, a leviandade de alguns a cuida-la. Na Aldeia do Mato a leitora aproxima-se a mencionar que não vai levar histórias, só quer conversar comigo, está acordada há algum tempo e sou a primeira pessoa que encontrou. Aos seus olhos os terrenos e casas abandonados e desertas, perturbam-na, não entende o afastamento, e a recusa de mexerem na terra, ou mesmo visitarem a aldeia. Segundo ela a terra tem tanto para dar, aprecia mexer nos torrões, de cultivar, tem prazer, quando há necessidade de legumes, de hortaliças, ir à horta e trazer para cozinha-los. No estendal a roupa branca não para de acenar ao silêncio, é cedo ainda para os forasteiros chegarem e usarem a praia fluvial no braço do rio Zêzere a beijar as margens da aldeia. Nos meses do estio, os automóveis empanturrados de forasteiros, toalhas e bóias, assemelham-se a formigas, atrás uns dos outros, atravessam a aldeia em direcção ao rio. A doçura da aldeia mistura-se ao sabor amargo do ruído distinto dos motores, é preferível o rumor do vento a deslocar as folhas das histórias.