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Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

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O vento fustiga as aldeias da minha terra, esgota a paciência, ouço as  pessoas a falarem sozinhas na rua, ralham com a aragem pestífera, com os cabelos inquietos, com elas próprias, pelo dever de andarem na rua. A incumbência de virem à biblioteca ambulante não é reclamada, entram desarranjadas pela força da ventania, pela vontade de quererem ler histórias. Livram-se do cansaço causado pelo mal-estar da ventania, a pesquisarem histórias, lendo pequenos   excertos,  ou destinos para continuarem a seguirem em casa. Saem da biblioteca ambulante, voltam a criticar a fúria, empurram a força da natureza e desaparecem do olhar do viajante das viagens e andanças. Os Coldplay não param de tocar no rádio da biblioteca ambulante, estes mágicos enfeitiçam por estes dias a cidade de Coimbra e o país, até na pequena aldeia do Vale Zebrinho, no meio da charneca, abano a cabeça acompanhado o rítmo da música. A biblioteca ambulante espalha histórias por leitores, ou anónimos a viverem a ruralidade intensamente, ouvindo as músicas do silêncio, os gemidos de prazer do vento a bater nos rostos gretados pelo sol, de trabalharem ao ar livre de manhã à noite, desligados dos centros urbanos. Bem podia ser é uma telefonia portátil a deixar palavras aos olhos destas pessoas, motivando a não desistirem, influenciando outros de não terem receio de arriscarem no regresso,  a experienciarem vidas diferentes. O vento não me deixa ficar na aldeia, vou-me embora nas suas asas, sem deixar de ouvir a laboriosa telefonia.