Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

IMG_20230519_110704.jpg

Há música na Bia, há festa na aldeia, as palavras foram as bailarinas no Centro Social de S. Facundo. O acordeão soltou as melodias, e estas encheram o salão, bailaram com sorrisos de encherem a boca. Não houve leilão, não se venderam e arremataram palavras, como faziam noutros tempos os rapazes. "Compravam" o seu par, as raparigas bonitas com quem queriam dançar. Quem oferecia o maior lance, dançava com a rapariga desejada. Ora quantos escudos seriam necessários para manter o mesmo par a noite toda num bailarico na aldeia. Era assim muitas vezes que se pagava ao acordeonista que alegrava o baile. Quantos namoricos se iniciaram assim, o amor à primeira vista, ou a carteira volumosa? A primeira hipótese é a mais bonita, a que deveria ser. A segunda certamente também aconteceu, depois aprenderam com o tempo a gostarem uns dos outros. Nunca as histórias dançaram como agora, puxam os mais tolhidos a baterem o pé ao ritmo das músicas, as mãos, após o final de uma cantiga. Levantaram-se, e atrás uns dos outros, em fila terminou ao som do "Apita o comboio" a receptividade às histórias, à biblioteca ambulante.