Não sei o mal que fizemos ...
Apostaria a leitura de meia dúzia de histórias em cada mês do verão, para isso acontecer a temperatura atmosférica não ultrapassaria os 30º Celcius. Hoje a cor azul do céu dissolveu-se no pano cinzento, a poucos dias de se abrirem as portas ao estio, há muito anunciado como um dos piores, seco e quente. Dante Alighieri nos seus melhores dias nunca imaginou que o conceito do seu Inferno poderia acontecer, ser adaptado, no futuro, aos dias de hoje, nas aldeias da minha terra, transformadas em lugares sofríveis no verão. O calor, os incêndios, tornaram estes locais num suplício ardente nas profundezas do interior de um país deslumbrado, a banhos de sol, e de mar sem utilidade a perder de vista. Não sei o mal que fizemos para estarmos sujeitos a esta condenação eterna, até os arrependimentos são impossíveis, num território de viagens e andanças, onde não há montanhas. Só planaltos acompanhando extensos vales, a precipitarem-se na direcção dos rios. Felizmente quem quiser pode ter a visão do paraíso, a biblioteca ambulante, céu azul acessível a todos, purificadora das almas ignorantes, independentemente do desenvolvimento intelectual e da capacidade humana de cada um.