A levar histórias ao fim do mundo ...
Têm sido uns dias difíceis a estabilizar leituras, estar ao mesmo tempo nos lugares planejados e nas aldeias onde faltou a leitura no tempo certo. Para trás ficaram aldeias sem fim, pessoas felizes, por finalmente conseguirem as histórias tão desejadas. Não foram oitenta dias à volta do mundo, mas três dias (ainda não terminaram) a circular pelas aldeias da minha terra numa inquietação nunca antes interpretada pelo viajante das viagens e andanças. Júlio Verne não teria imaginação para uma história assim. Não quero repetir a experiência, nunca mais quero andar à volta da lua, a telefonar, a questionar, a saber onde estão os leitores, quero viajar no centro das aldeias da minha terra, conforme está detalhado no plano. Dias intensos, ajustando atalhos aos itinerários estabelecidos, diálogos apressados com leitores, estar a horas na aldeia seguinte, na improvisada, é importante para não atrasar leituras, pessoas à beira de um ataque de nervos. Acreditem, é verdade o que escrevo, as histórias entranharam-se nas gentes da minha terra, a biblioteca ambulante é um activo fundamental, não pode estar neutralizada num qualquer lugar que seja. Acompanhem o seu rumo ao longo dos dias, as pessoas que a frequentam, os leitores, a solidão dos lugares onde permanece. Concluirão que não é imaginação de quem gosta de escrever, mas de quem continua a conhecer o território, a respeitar as gentes da minha terra, a levar histórias ao fim do mundo se for necessário.