Apesar dos intervalos prolongados ...
No largo do coreto as novidades escasseiam, exceptuando o avanço do tempo sem refrear a continuidade da canícula. O relógio da igreja faz-se ouvir anunciando a meia hora em falta até às dezasseis horas da tarde de mais um dia de viagens e andanças. Aqui os leitores são como as novidades, vêm quando lhes apetece e não pela presença da biblioteca ambulante assiduamente na aldeia. Apesar dos intervalos prologados, as histórias saem, muitas vezes estranhando algum abandono em cima de uma mesa ou cadeirão. São a novidade nas casas onde ficam, objectos diferentes, alterando, quando é necessário as rotinas há muito estabelecidas na solidão. Quando voltam com as histórias há sempre mil desculpas pelo atraso, não comento, no fundo gosto de os ouvir. Comprometidos pelo atraso na devolução, continuam a levar histórias, o regresso aos lugares das estantes será para quando lhes aprouverem lerem outras. Curiosamente a esplanada situada no espaço que circunda o coreto não tem ninguém, ali, a alegria, por hábito é entornada nas goelas sequiosas dos que não fazem nada, daqueles que aproveitam possibilidades de enganar o trabalho para matar a sede apressadamente ou por outros, cujo tempo é o que lhes resta. Não querem lucrar com a permanência das histórias na aldeia, apesar de olharem a biblioteca ambulante de soslaio, ainda acredito de os ver entrarem, serem leitores.