Podem imaginar a...
Pela manhã não foram os 35º de temperatura a demover o viajante das viagens e andanças de iniciar a semana a levar as histórias aos leitores. A primeira paragem do dia foi no Centro Social de S. Miguel do Rio Torto, ouvir o que os mais velhos têm para contar. Infâncias sem escola para alguns, as mulheres foram as que tiveram menos instrução, famílias alargadas, onde os irmãos mais velhos tinham o privilégio de se sentarem nos bancos da escola. Os restantes, ficavam em casa, trabalhavam na terra, ajudavam na vida doméstica do lar. O trabalho era contínuo, nos dias de semana trabalhavam para outrem, ficando o sábado e domingo reservados para a manutenção das suas hortas e outros cuidados diversos. Neste momento estão 47º temperatura, a sombra do Freixo é incapaz de reter o calor na aldeia das Bicas, no interior da biblioteca ambulante as moscas não se atrevem a fremir as asas. Podem imaginar a canícula instalada hoje nas aldeias da minha terra. Os leitores até ao momento não se atrevem a aproximarem-se para devolverem as histórias, ou tentarem levar histórias novas, viagens que nunca tenham realizado. O ar quente invade o espaço das histórias, um intruso, sem interesse nenhum pelas histórias, traz torpor e insuficiência de leitores.