O céu é um tinteiro de ...
As nuvens cinzentas ameaçam desabarem, navegam em cima das nossas cabeças. Impulsionadas pelo vento são incapazes de despejarem a água que transportam, por enquanto, até a sua velocidade diminuir. O outono, precipita-se surpreendentemente neste início do mês, designado por quem criou as normas meteorológicas, a estação após o verão, ou estará iludido o viajante das viagens e andanças. Ao lermos histórias, constatamos no final destas, a variedade de mistérios, aventuras e personagens desfilando pelas páginas, assim estão as nuvens, gordas, esticadas, grandes e pequenas, lançando incertezas na avaliação da chegada da precipitação, borrando de tinta o pedaço de papel incompleto pela escrita. O céu é um tinteiro de tinta líquida, não há mata-borrão suficiente para absorver derramamentos inesperados, os aparos deslizarão dias e noites, acontecerão maratonas de escritas a redigirem palavras perpétuas. Neste atelier de escrita criativa a protagonista mais importante continua a incorporar leitores, à minha frente tenho um olhando atentamente as histórias, descaradamente disponíveis, perante a vontade de as experimentar nas suas mãos. Mostra experiência, um amante conhecedor das partes emocionais destas rameiras das palavras. Toca-lhes com mestria, abrem-se facilmente permitindo-lhe ler-lhes os segredos, dão-lhe prazeres escondidos, nunca revelados a qualquer um. Ele não é como os outros, pede histórias desesperançadas, há muito arrumadas nos depósitos, onde nós um dia terminamos. À tona de uma nova vida, há leitores que as reconhecem de outros momentos, passaram-lhes os olhares por cima. A memória traiçoeira, empurra-os para as verificarem outra vez, se as emoções continuam lá, nas entrelinhas, se o prazer continua o mesmo, ao lerem as palavras nas páginas do tempo.