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Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

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As nuvens cinzentas ameaçam desabarem, navegam em cima das  nossas cabeças. Impulsionadas pelo vento são incapazes de despejarem  a água que transportam, por enquanto, até a sua velocidade diminuir. O outono, precipita-se surpreendentemente neste início do mês, designado por quem criou as normas meteorológicas, a estação após o verão, ou estará iludido o viajante das viagens e andanças. Ao lermos histórias, constatamos no final destas, a variedade de mistérios, aventuras e personagens desfilando pelas páginas, assim estão as nuvens, gordas, esticadas, grandes e pequenas, lançando incertezas na avaliação da chegada da precipitação, borrando de tinta o pedaço de papel incompleto pela escrita. O céu é um tinteiro de tinta líquida, não há mata-borrão suficiente para absorver derramamentos inesperados, os aparos deslizarão dias e noites, acontecerão maratonas de escritas a redigirem palavras perpétuas. Neste atelier de escrita criativa a protagonista mais importante continua a incorporar leitores, à minha frente tenho um olhando atentamente as histórias, descaradamente disponíveis, perante a vontade de as experimentar nas suas mãos. Mostra experiência, um amante conhecedor das partes emocionais destas rameiras das palavras. Toca-lhes com mestria, abrem-se facilmente permitindo-lhe ler-lhes os segredos, dão-lhe prazeres escondidos, nunca revelados a qualquer um. Ele não é como os outros, pede histórias desesperançadas, há muito arrumadas nos depósitos, onde nós um dia terminamos. À tona de uma nova vida, há leitores que as reconhecem de outros momentos, passaram-lhes os olhares por cima. A memória traiçoeira, empurra-os para as verificarem outra vez,  se as emoções continuam lá, nas entrelinhas, se o prazer continua o mesmo, ao lerem  as palavras nas páginas do tempo.