Uma pastora despida de palavras ...
A sombra do plátano abraçando a árvore das histórias, ambas aconchegam a pequena comunidade que não se deixa avistar. Escondem-se no trabalho, na escassa quantidade de pessoas, na iliteracia, não suscitam qualquer interesse pelas histórias, na interceptação da luz nas folhas do velho plátano. Só o extenso rebanho apressado, atravessando a estrada, deixando à sua passagem uma nuvem de poeira, exibe alguma agitação na aldeia. Dirigido por uma pastora despida de palavras, indecifráveis, somente os cães e o resto dos animais a compreendem. Grita, comanda, corre empunhando uma vara comprida, pondo em ordem as ovelhas mais teimosas, o Leão, um dos cães, ladra com vigor, chamando-as ao pasto. O outro, mais pequeno, não pára de mover-se tentando traze-las para junto das menos rebeldes. A biblioteca ambulante imprime o momento, a vida rural, a arte do pastoreio, guia as pessoas a serem melhores com a leitura.