Seria bom da próxima vez ...
O vento e a chuva foram hoje companheiros nas viagens e andanças, parceiros violentos, o primeiro transportando palavras esquecidas, recuou ao passado para as retirar de gavetas embutidas, nos móveis gastos pela poeira do tempo. Fiquei curioso por saber que palavras seriam essas, sumiram-se num abrir e fechar de olhos, tal não era a sua velocidade. Bem tentou puxar as palavras das histórias da biblioteca ambulante, talvez para as levar ao futuro, encontrarem leitores que hão de vir. Não quis que as páginas das histórias transportadas na biblioteca ambulante ficassem em branco, o que diriam os meus leitores, deixaram o conforto das suas casas, ainda por cima num dia de temporal. Fiquei surpreendido quando bateram na porta grande da biblioteca ambulante e a espreitarem ao mesmo tempo no vidro lateral, leitores a quererem entrar com histórias para devolverem. Rapidamente se fechou a porta para a chuva não molhar-nos, e o vento não desnudar as milhares de páginas que estavam ali. Ficamos a falar de histórias, o rumo da conversa tomou a direcção a histórias do passado, a Miguel Torga. Não terá sido o vento o responsável, interroguei-me, sem mencionar aos outros a minha falta de certeza referida atrás. A fúria e o ruído da chuva ao mesmo tempo a bater na carroçaria da biblioteca ambulante, obrigava-nos a falarmos alto uns com os outros. Quem passasse por ali e nos ouvisse, levaria no pensamento a alegria evidente gerada ao redor dos livros. Seria bom da próxima vez, fosse ele a entrar na biblioteca ambulante movido pela vontade de querer saber que magia é esta, das histórias.