Deslizo numa embarcação ...
Não há armistício, a chuva cai ininterruptamente em Martinchel, as histórias nas estantes estão quietas e mudas. Como eu, não arranjam palavras para tanta água, e leitores que as leiam. A estrada transformou-se num longo ribeiro, a biblioteca ambulante, numa jangada de histórias. Neste pequeno curso de palavras não temo um naufrágio nas páginas do oceano, no qual irão desaguar as histórias desta armação feita de criatividade. Deslizo numa embarcação construída por pedaços de improvisação, de alegrias, de tristezas, de paixões, de morte, das guerras, do passado, do presente, e do futuro. Quem quiser salvar-se é bem vindo a bordo, não se afogarão na actualidade em que vivemos, a embarcação é resistente, não possui limites, é um junco de consistência milenar.