As árvores despem-se e dançam ao mesmo tempo ...
O rio Tejo está vazio, do alto da ponte rodoviária, nas viagens e andanças, advinho a sua intimidade. O nevoeiro concentra-se nalguns locais do trajecto, a estrada molhada fere a vista, pelos raios do sol projectados no asfalto. Na aldeia das Bicas as árvores despem-se e dançam ao mesmo tempo, estou animado por testemunhar a sensualidade destas belezas da natureza. Desnudadas e com as folhas a seus pés, desvendam as cicatrizes do seu crescimento, as partes ocultas, onde as aves se protegem e criam gerações. A possibilidade de um dia poderem estar a servir quem motiva a imaginação, os criadores de histórias, de personagens, de sítios maravilhosos, de lugares misteriosos. Conquistadores de papel sem quaisquer impurezas, causadores de vidas, pintores de paisagens, arquitectos, e construtores de cidades. Autores de rios, de palavras flutuando ao sabor das correntes da tinta, da vontade das emoções, da habilidade de prender aqueles que lêem. As árvores são eixos transmissores de hábitos e costumes, de maneiras de viver. As árvores são histórias.