Benditas as mulheres ...
A confusão instalou-se nas cabeças das mulheres na aldeia do Tubaral. A padeira ainda não chegou com o pão, a biblioteca ambulante, buzinou freneticamente, copiando a carrinha do pão. Sem intenção, induziu em erro as mulheres com o estratagema do serviço concorrente. Uma destas mulheres, insiste, mencionar em voz alta, para outra, colocada de atalaia ao pão, mais abaixo na rua. É um dia igual aos outros, não se cansando a repetir estas palavras, insensíveis, relacionadas com a celebração do Dia da Mulher. Não é igual, benditas as mulheres que todos os dias abusam da biblioteca ambulante, acalmam a fogosidade das histórias, desfolham as páginas, apagando o fogo das palavras repletas de paixão. A quebrarem a inquietação, das palavras do protesto, das palavras da solidão. Uma manifestação de curiosidade, de quererem saber, do prazer na leitura, não compartilhada pelos homens, nas aldeias da minha terra. As mulheres nas aldeias da minha terra, trabalham no campo, mantêm diariamente o bem estar nas suas casas, estão alojadas temporariamente ou permanentemente, por incapacidade, autonomia, nos Centros Sociais e Lar para Idosos. Têm tempo para estarem umas com as outras. Têm disponibilidade para discutir, as histórias que lêem, de permutarem sentimentos intensos, de partilharem os mesmos sonhos. De serem felizes na biblioteca ambulante.