As primeiras leituras ...
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As primeiras leituras são como o início das primeiras explorações marítimas, por navegadores, enfrentando as enormes vagas do oceano, em frágeis barcos de madeira. A descobrirem palavras novas, terras desconhecidas, aventuras, até então, possíveis em sonhos. Transpondo páginas, dobrando cabos, sublinhando com o dedo, fixando o padrão. A referenciarem palavras novas, atribuindo terras aos reis, às nações que os enviaram. A leitura é um oceano sem limite, onde é necessário navegar sempre atento aos ventos, às correntes que podem seduzir, e as marés nas quais ficamos distraídos. Luís de Camões escreveu sobre as ondulações, no seu tempo, viu monstros e sereias, naufragou, nadou, segurando numa das mãos, um mar de palavras novas. Salvou-as, a história guardou-as para sempre na memória da literatura. As primeiras leituras são outro nascimento, o início da criação intelectual tem dor, receio, hesitação. Um parto difícil como todos, depois a bravura, como a dos navegadores, traz a curiosidade para seguir em frente, descobrir histórias novas.
(As viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra, prosseguem em Agosto)