As aldeias necessitam ...
Hoje ainda não vi o sol, se aparecer com a energia de ontem, não faz falta nenhuma. Viria estragar a frescura do início do dia. Trazer outra vez a melancolia, a fadiga ao viajante das viagens e andanças. Falta de vontade para agir, basta, as pessoas não se deslocarem à biblioteca ambulante para olharem curiosas, interessadas em levarem histórias. Estão afastadas da rua, da aldeia, fogem de um interior sem calor humano. Privadas dos raios brilhantes da esperança. Não querem saber da leitura, dos vários caminhos que se iniciam na biblioteca ambulante. Ao volante, pedalando, de avião, caminhando, peregrinos, seguindo as palavras até ao fim da viagem. Procurem uma pátria ideal, sem afastamentos, não dêem passos nos caminhos que não sejam nos verdadeiros lugares onde moram. As histórias são um bom lugar para vivermos, aprendermos com as palavras experientes, com palavras possuídas de arte para fazer acontecer. O sol agora é rei e senhor, por detrás desta energia sopra um ar quente, para agravar ainda mais o resto do dia. Não fosse a sombra desenhada pelo contorno da casa, onde a biblioteca ambulante se resguardou, seria improvável as histórias permanecerem o tempo previsto na aldeia, no mesmo local. A casa dá ares de estar desabitada, as janelas fechadas, cobertas por uma fina camada de poeiras, confirma o que acabei de mencionar atrás. Não é a única, há outras assim, chamando pela presença dos proprietários, por quem queira habitar nas aldeias. As aldeias necessitam de sangue novo, como as páginas em branco, de tinta para se escrever palavras sem limites. Reescrever a história das aldeias, das pessoas, continuar a depositar memórias, nas comunidades, na biblioteca ambulante.