O cão não encontrou nenhum ...
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A coragem do cão é enorme atravessando o largo a castigar as almofadas das suas patas, debaixo dos 43º Celcius. Não sei de onde veio, onde vai, se fosse atrás dele, talvez encontrasse um lugar fresco. Os leitores acercavam-se do largo, estafados, pela severidade da canícula, apercebendo-se do vazamento das histórias. Desapontados, olhando na cara uns dos outros, rostos vermelhos, furiosos, ansiosos. Tentando perceber a razão da ausência da biblioteca ambulante no largo da aldeia. Não viram o cão, se tal acontecesse, seguiam-no como fez a biblioteca ambulante. O cão não encontrou nenhum lugar fresco, anda perdido, não consegue encontrar o sítio onde pertence. As histórias nunca saíram do largo da aldeia, estão a aguentar o calor intenso. O viajante das viagens e andanças afoga-se na sua transpiração, no interior da biblioteca ambulante. Ponho em duvida, o surgimento de leitores, estão recolhidos, em casa, dormindo a sesta. Não estão extraviados, procurando a frescura, estão agradavelmente protegidos da temperatura elevada. Se calhar, um livro na mão a termina-lo, ao mesmo tempo olhando o relógio, para não deixarem escapar a biblioteca ambulante para outra aldeia. Onde um leitor atacou de frente a massa de ar quente, aguentando, o brilho intenso, capaz de ferir a visão daqueles que não usem óculos de sol. Foi sob o distúrbio meteorológico solar, que andou a remexer nas histórias, seleccionando ao longo das prateleiras. No final da exploração, encaminhou os escolhidos ao viajante das viagens e andanças. Este lançou-os no módulo de empréstimos, para não perder o contacto destes.