Sons da aldeia
Cruzei a ponte para a margem sul, o rio voltou a encolher os terrenos que o ladeiam, nas viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra, na direcção da aldeia da Chaminé. As ribeiras continuam pujantes, as lagoas gordas e com as bordas renovadas. Resguardado na sombra, a tarde é igual à do dia anterior, sufocante, os sons da aldeia estão no auge, as melodias vindas das aves, o ladrar distante dos cães, aldeões nem de longe nem de perto, se deixam ver. Estão sentados nas sombras frescas, nos quintais das suas habitações, olhando vagamente para lado nenhum, absortos no seu isolamento, esperando que o sol se recolha, irem à janta e deitarem-se com as galinhas. Matei a sede na fonte, no início a sua água quente, ficou rapidamente fria, as minhas mãos em concha acolheram-na até ficar saciado, e me sentir liberto do calor...! Na estrada novamente, na longa recta que antecede a aldeia do meu destino, Água Travessa, observo a charneca verdejante e colorida, não conseguiu absorver a maioria dos charcos formados pelas águas das chuvas. A pluviosidade é muita este ano, a terra ficou embriagada de tal maneira, que já não quer mais, a sua longa ressaca atinge quem a queira cultivar.