O estranho acontecimento do gafanhoto que gostava de ler livros do Stephen King, teria tudo para ser um título de uma história divertida. O personagem principal, quem se lembraria de um insecto saltador, leitor assíduo de histórias de um romancista norte-americano. Na história lerá saltando de linha em linha, de uma página para a outra, transporá demasiadas páginas de uma só vez, para voltar atrás noutro salto e recomeçar. Aqueles olhos esbugalhados, conseguirão envolver as (...)
Os panos dos chapéus de sol esvoaçam como se quisessem levantar voo, como muitas pesssoas da aldeia o fizeram. A biblioteca ambulante vai pousando aqui e ali, nas aldeias, umas com leitores, noutras nem por isso, um, dois, são os números que fazem levantar voo as histórias. Empurradas pelo vento que nasce na charneca, chegam às partes mais distantes do território que abrange o itinerário. Há dias de sorte, onde o tempo é apressado, os leitores, a leitura comentada, conversa (...)
Viagens implicadas nas temperatura elevadas, leituras teatralizadas à beira do rio. Nem tudo é mau, conseguir amarrar os jovens à leitura encenada, tão próximos da água do rio parece impossível. A história adaptada pelos homens do teatro, os movimentos, os gestos e as palavras, são um poder sobrenatural que nos envolve. Aprender e brincar com palavras sérias foi a magia certa para a pequenada estar presa na história, O pequeno livro do ambiente de Christine Coirault, pela (...)
Está uma tarde morna com nuvens no céu, umas atrás das outras, empurradas pelo resto do vento da manhã, a dizerem que poderá chover. Não acredito, sem pararem não vão deitar cá para baixo alguma água que transportam. A biblioteca ambulante é uma nuvem cheia de histórias, impelida pela vontade do viajante das viagens e andanças a levar enredos, permanece nas aldeias despejando-as a quem as queira ler. Há quem goste de se molhar pelas letras, ao ponto de ficar encharcado de (...)
O calor está de volta, em Martinchel a biblioteca ambulante aproveita a escassa sombra que a tília consegue dar com as suas jovens folhas. Os leitores e as pessoas da aldeia são preguiçosos ou não gostam de ler, poucos jovens, demasiada idade nas pessoas, não são impedimentos para se aproximarem das histórias. A biblioteca ambulante volta sempre ao centro da aldeia, no pequeno largo com uma fonte, à beira da estrada que não se cansa dos veículos que não a deixam de atravessar (...)
A primavera beijou-nos de surpresa, as histórias, a biblioteca ambulante, o viajante das viagens e andanças estão cheios de sorte neste dia percorrido nas aldeias, também elas beijadas pelas águas do rio Zêzere. É pois um dia completo de beijos, juntando a estes os beijos dos leitores quando enfrentam as histórias na biblioteca ambulante. Beijos para aqui, beijos para ali, letras a beijarem-se, palavras a beijarem-se. Ler uma história, não é mais que um longo beijo de quem a (...)
O vento e mais poeira, marcam a manhã das viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra. No café o Nuno e uma cliente, ambos leitores da biblioteca ambulante ficaram com as cabeças encaixadas nas páginas dos jornais e das revistas. Uma leitura obrigatória sempre que venho à Aldeia do Mato. A informação periódica ainda é importante para alguns, um estímulo para outras leituras, uns preferem a informação desportiva, outros apontam à generalista e social. Gostam (...)
Depois de dois dias intensos a sublinhar vitórias e derrotas, o primeiro dia útil da semana não perde a normalidade dos outros na Aldeia do Mato, a monotonia carinhosa continua a fazer parte das práticas de quem aqui vive. Hoje o café está encerrado, um ou outro aldeão percorre a rua que segue na direcção do rio. Passos arrastando-se ouvem-se ao longe, próximos são pesados, não estou enganado, a idade avançada de quem habita na aldeia não é impeditiva para se deslocarem (...)