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Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

24.Nov.22

De maneira ininterrupta ...

historiasabeirario
Esmagada sob um céu escuro e, abarrotado de água, a manhã tem sido proveitosa na deslocação de leitores à biblioteca ambulante. Não esperava esta assiduidade, a chuva não os demoveu de restituírem as histórias requisitadas na última visita. De maneira ininterrupta a chuva espalha vida nos campos desejosos de encherem o ventre, no qual os animais dispersos nas pastagens e, na charneca irão beber até ficarem saciados. Os leitores não se embaraçam, deambulam no reduzido (...)
21.Nov.22

A fidelidade também a tem ...

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As cegonhas regressaram, é impressionante observa-las equilibrando-se nos ninhos situados no cimo dos paus que ajudam a passar os fios da electricidade, das comunicações, cravados no solo. Nas chaminés, nas torres sineiros das igrejas, à beira da estrada, no campo juntamente com os animais procurando comida, chegam de África, atravessam o Sahara a desejar que os ventos no estreito de Gibraltar estejam de feição para o transporem até às aldeias da minha terra. São viajantes do (...)
07.Nov.22

A leitura à boleia...

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O silêncio no vale ouve-se por toda a parte, não é estranho esta ausência de ruído, a vida animal colabora no momento, que se esconde à vista. Aquele ruído peculiar da cedência de uma página para a outra não existe, o silêncio das histórias é severo no vale. O silêncio das pessoas é preocupante, os velhos não conseguem fazer-se ouvir, os gritos da solidão não têm força, não há lugares com vista para o mar. Há janelas olhando o vento que lhes levou os filhos, (...)
02.Nov.22

Segundo estes sábios ...

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Foi a mandriar que o sol se levantou, o rio lançava vapores confundindo os mais distraídos que o atravessavam na ponte para além Tejo. No campo, sob as oliveiras os panos verdes recebem azeitonas expulsas pela violência das varas a bater na ramagem, homens e mulheres, corcovados, apanham  os bagos pretos. Segundo estes sábios, não está a ser um ano de muita azeitona, a pouca que resistiu a um ano difícil desenvolveu-se com as últimas chuvas, subitamente ficaram mais volumosas. (...)
29.Set.22

Abraçam as histórias...

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Rostos apreensivos, a chuva quase a chegar, uns minutos para além da hora prevista, considerei imediatamente, calma, a biblioteca ambulante não atinge a velocidade do comboio anunciado ontem com grande aparato. Longe das terras junto ao mar, no fim do mundo, de apeadeiros desocupados, há veículos transformados em bibliotecas com rodas que levam livros às pessoas. Querem melhor, o tal comboio não é nada, comparado com o respeito e apoio prestado às pessoas das aldeias do interior (...)
29.Jun.22

Sempre inclinadas ou fora do lugar...

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A manhã está resmungona em Alferrarede Velha. A Maria aproximou-se com ambas as mãos segurando sacos cheios, massas, enlatados e pão foram os que se deixaram ver. Disse que ia a casa e já regressava para devolver as histórias. Olhei,  a Maria balanceava a sua pequena estrutura enquanto caminhava na direcção das histórias, trazia outro saco preso numa das mãos, continha as histórias lidas que seriam comentadas logo que entrasse na biblioteca ambulante. Gostei desta, esta não (...)
06.Jun.22

O vento está enamorado...

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  A história espreita a tarde a tentar alcançar quem atravesse a rua. Mas só o vento está na aldeia, traz histórias dos lugares por onde passou. Pôs as árvores a dançar no vale, os ramos rodopiam de um lado para o outro, como as saias das bailarinas. O vento dançarino dança com todas as árvores ao mesmo tempo, sussurando com uma, com outra, elas ficam  tontas com o que lhes diz, mas também do fandango improvisado ficam sem tino. O vento está enamorado, as folhas das (...)
07.Abr.22

Leria em voz alta...

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A pastora grita com as ovelhas que não lhe obedecem, impropérios ecoam pelo vale adiante, esbarrando na charneca. O gado encontrou pouco depois de ter transposto a estrada a erva tenra, estacando logo aí, em vez de continuar a correria para o pasto. Berrando alto e a bom som, manejando o cajado numa das mãos de um lado para o outro, a pastora só conseguia fazer-se ouvir pelo viajante das viagens e andanças, que no princípio se assustou com tamanha ofensa aos animais. Estes não (...)
15.Dez.21

Uns dão, outros trazem...

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  Em Alferrarede Velha, povoação entrincheirada no limite urbano a manhã corre apressada. São os automóveis na estrada que a atravessa, as carrinhas que estacionam onde bem calha. Quem conduz, abre as portas retira-lhes os recheios, abraçados, nas costas, levam-nos para as casas de comércio. Um quotidiano demasiado apressado para o viajante das viagens e andanças, habituado ao vagar com que as histórias saem da biblioteca ambulante. Cada vez mais um observador nato das (...)
28.Jun.21

Uma sucessão....

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Corre uma aragem que estimula as pessoas, surgem na biblioteca ambulante sorridentes, determinados a pesquisar em histórias que os transportarão em viagens intermináveis, aventuras de encher a barriga, de gastronomias diversas, paladares e odores que os deixarão ocupados de curiosidade enquanto não provarem. Na boleia da brisa as viagens e andanças continuaram, no período da tarde houve surpresa, a inclusão de um novo leitor, foi um imprevisto saudável na aldeia do Vale Zebrinho. (...)