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Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

20.Mai.22

Ganharam prazer...

historiasabeirario
O ar quente apoderou-se das histórias no interior da biblioteca ambulante quando as portas se abriram. Pouco tempo se manteve cálido, ao entrarem as crianças trouxeram a frescura da idade,  sorrisos de ingenuidade, encheram o lugar de felicidade. As histórias não paravam de andar de mão em mão, grandes de mais para tamanha tarefa, tinham dificuldades em pesquisarem letras e palavras. A professora ajudava como podia, de um lado para o outro abrindo as histórias, libertando os (...)
12.Abr.22

A vontade de ler...

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Outro dia em que o sol brinca às escondidas nas viagens e andanças com letras, na aldeia do Brunheirinho um cão ladra desde que a biblioteca ambulante estacionou. A carrinha do padeiro passou perto, mais à frente uma mulher aguardava a sua chegada, recebe um saco com pão, ambos desapareceram quando voltei a olhar para o local. Com as histórias não é assim, a vontade de ler não é igual à vontade de comer pão, a biblioteca ambulante não é apressada, aguenta com tranquilidade (...)
24.Mar.22

O Neto também é um distribuidor de histórias...

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Hoje encontrei o Neto, colega dos tempos do liceu, já nos tinha-mos avistado noutras ocasiões, ao longe, acenando com a mão. Ele a conduzir a sua carrinha ambulante a vender enchidos, azeite , massas, fruta, dando um pouco de atenção aos velhos, auxiliando-os na entrega dos alimentos. Na biblioteca ambulante o viajante das viagens e andanças a levar histórias. Encontramo-nos na aldeia do Brunheirinho, ele atarefado com uma cliente, eu acreditando que apareça algum leitor. O Neto (...)
07.Mar.22

O mundo mudou...

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O mundo mudou, as viagens e andanças pelas aldeias da minha terra continuam inalteradas, a tranquilidade prossegue na estrada que leva as histórias. Os animais pastam indiferentes às máquinas agrícolas, conduzidas por homens sempre a olhar na traseira do tractor, adivinhando o que poderá ainda chegar do lugar onde se levanta o sol, esventram a terra sem humidade. Um homem arremessa sementes na terra, noutra outro atira bombas, a discordância entre o nascer e o morrer é (...)
11.Jan.22

Seria bom...

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Na charneca a névoa rompe por entre os sobreiros, mais à frente em campo desobstruído as  ovelhas pisam o chão gelado sem erguerem o focinho. A erva tenra não as demove, levam a eito o tapete natural, alguns leitores da biblioteca ambulante, quando pegam nas histórias e abrem as páginas são assim. Quando abrem as páginas das histórias, de rosto fixo na história, pegam nas palavras puxando-as, trazendo personagens, emoções, sentem prazer a  ler. Seria bom se todos (...)
02.Set.21

A chuva...

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A chuva tirou-os do marasmo, dos afazeres, estão à entrada das suas casas, espreitam nas janelas. Alcançou vantagem a precipitação, a indiferença à passagem da biblioteca ambulante na rua principal da aldeia é certa, mas a novidade foi a água que chegou e seguiu apressada. As histórias aparecem e desvanecem sem interrupções muito mais do que a água escorrida das nuvens. De rostos virados para cima, olham o espaço infinito como se este colocasse ao dispor mais água. A (...)
07.Set.20

Histórias narradas noutro tempo (revistas e corrigidas)

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  O fumo libertado pela chaminé das caldeiras onde a cortiça é escaldada, espalha-se vagarosamente pela charneca ao encontro da estrada, tornando o cenário sinistro e belo ao mesmo tempo. Os mais distraídos conjecturarão que estão próximos da costa marítima. Quem passa e não sabe, é neblina  que surge precocemente, veloz, enfraquecendo a tarde. Na estrada os faróis amarelos e prateados reluzentes como os metais expostos nas joalherias, cruzam-se nos dois sentidos. As viagens (...)
06.Dez.19

A ausência que cumpre nos seus compromissos

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  As mulheres na aldeia do Brunheirinho aproveitam o sol da tarde, para pôr as palavras de umas e outras actualizadas, porém a manuntenção nas hortas não fica descuidada, no ir e vir das suas casas, a confirmar se o lume na lareira se mantém activo ou se a água na panela está em ebulição para receber os legumes para a sopa do jantar, é o momento em que acontecem estes diálogos inesperados. As folhas nas árvores estão quietas, a temperatura convida a caminhar no (...)
18.Nov.19

O reconhecimento que lhes devo

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  A tarde esmorece na aldeia do Vale das Mós, ao mesmo tempo que uma aragem fria toma conta  do viajante das viagens e andanças. Para se defender, recorre ao café quente depositado num termo, ao entornar a bebida ainda fumegante, é surpreendido, o líquido queima-lhe a língua, pensa raios e coriscos, mas tudo passa quando se sente confortado com a temperatura do seu corpo estabelizada. Mulheres já com alguma idade, deslocam-se em grupos de duas, trés, dirigem-se para o Centro (...)