"Estou aqui" é o que está escrito no objecto do canto superior direito da página de rosto do livro, insignificante para muitos, desnecessário para outros, de grande importância para quem gosta de ler. Um farol num mar de letras que ilumina quem queira chegar ao final de um capítulo, ou mesmo de uma história. Um astrolábio que guia os leitores para definir a latitude e longitude do objectivo proposto quando se iníciam viagens longas ou curtas nas ondulações das páginas de um (...)
Novamente na estrada a levar histórias, após uns dias a comunicar com a pequenada nas Festas da Cidade de Abrantes. Não é de todo a atmosfera onde o viajante das viagens e andanças e a biblioteca ambulante se dão melhor. É a pisar o alcatrão, a permanecer nas aldeias e lugares, rodeados pela charneca, pelas pessoas dos sítios remotos. Nos dias quentes, nos dias frios, colados ao meio rural, cravados na terra deles. Não é propriamente o país das maravilhas, pouca densidade (...)
Dia da Ascenção, ritual cristão, mas também com ligação às tradições pagãs, no cristianismo é a elevação de Jesus ao céu depois de ter sido crucificado. As crianças da escola da aldeia do Pego, surgiram ao virar da esquina, todas traziam um raminho composto de flores silvestres, para guardarem nas suas casas até ao próximo ano. Entraram na biblioteca ambulante uns atrás dos outros olhando as histórias com curiosidade, mais alto, puderam tocar nas capas que (...)
O corpo protesta com a temperatura elevada, as histórias reclamam por leitores, o viajante das viagens e andanças revoltado pelo pólen que o incómoda a cada hora que passa. Um início de semana de contestação perante as realidades meteorológica, afastamento, e carácter incompatível de ser alérgico aos grãos microscópicos de cor amarela. Em Concavada, aldeia plantada à beira rio, só a esplanada do café atrai as pessoas. Situada no largo da aldeia, junto da estrada, (...)
O vento não trás nada de novo, só frio que nos faz vestir agasalhos novamente. Há uma indecisão no andamento no curso natural das coisas, andamos aqui um pouco aos papéis ouvindo comentários de uns e outros, mas não passa disso mesmo. Encontro refúgio nas histórias, lugares onde encontramos conhecimento, deparamos com realidades que nos fazem parecer muitas vezes personagens das histórias que lemos. Nelas são-nos transmitidas ocorrências, problemas e resoluções no passado (...)
A impetuosidade do vento sacode a biblioteca ambulante na estrada que a leva à aldeia do Pego, as histórias agigantam-se perante a possibilidade de elas próprias serem transportadas mais rapidamente no corpo deste fenómeno natural. Tal não irá acontecer, a condução prudente do viajante das viagens e andanças coloca-as em segurança na aldeia. A porta grande aberta, desperta a atenção a quem passa no passeio, olhares curiosos penetram no interior da biblioteca, ficam por aqui, (...)
Só o vento anda por aqui, as vozes que ouvia calaram-se, não sei onde foram, também não interessa. Preocupante é a presença da biblioteca ambulante no largo da aldeia, não causar influência naqueles que dão som ás vozes. Os leitores da aldeia não sei por onde andam, os diálogos que o vento trouxe até à biblioteca ambulante podiam ser de alguns deles, não lhes vi os rostos, desconfio que não eram de nenhum leitor. Aqui estou eu a ouvir, o relógio da torre sineiro da (...)
Está frio, as histórias encolhidas nas estantes parecem tímidas, mas não, estão ali para quem as queira levar. No interior das brochuras, são tantas as palavras impressas que só as decifrando percebemos, a energia que transmitem. As emoções que provocam, muitas vezes ficamos com pele de galinha, noutras choramos, de vez enquanto aborrecemos-nos, pomo-las de lado, não queremos saber mais nada do que está escrito. Partimos para outra história, entretanto nunca deixamos de (...)
Come-se castanhas assadas na aldeia da Concavada, no largo, sentados junto a uma mesa alguns locais não se esgotam de as levar à boca e engolir, acabadas de assar no resto do carvão que tostou os frangos antes do almoço. Defronte da biblioteca ambulante, no lado oposto, a viatura que traz a fruta e os filhos das galinhas preparados para o grande assador tem o fim de um dia de negócio à vista. Amanhã será outro dia, outra aldeia, assim como a biblioteca ambulante, percorre (...)
O sol substituiu a chuva, mas não veio só, trouxe o frio, trouxe pessoas à biblioteca ambulante que não ficaram indiferentes às pequenas personagens penduradas num fio desafiando a curiosidade de quem entra. Rodeadas por histórias disto e daquilo, as pessoas da aldeia da Concavada conheceram a biblioteca ambulante, souberam que através da mesma podem ter acesso às muitas histórias dispostas nas estantes. Levam hoje, trazem depois na próxima visita, trazem quando houver (...)