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Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

27.Out.22

Pequena no tamanho ...

historiasabeirario
O largo tem pessoas, sentados sob a esplanada que acompanha o desvio que a calçada tem para a entrada da rua ser ampla. Defronte, estão mais mesas e cadeiras ocupadas por mulheres, falam sem parar, raspando pequenas cartolinas da sorte. O homem que assa os frangos, vende hortaliças, flores e sei lá mais o quê, arruma o negócio na carrinha sem tirar o cigarro da boca.  Acompanhado por outro que tem a totalidade do rosto coberto por uma espessa manta de pêlos, sobressaindo o (...)
20.Out.22

Gente que não se reconhece ...

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A chuva não abrandou, o rio de palavras continua enredado pelas aldeias da minha terra, afortunados são aqueles que a recebem. Aos poços que a recolhem, a água não lhes faltará, cheios, reflectirão as palavras que estão por ler, histórias mal contadas, vidas amarguradas pelo trabalho excessivo no campo. Rostos marcados pelo sol, mãos fendidas acostumadas à suavidade das páginas das histórias que os equilibram dos direitos que não lhes são atribuídos. Gente que não se (...)
09.Mai.22

Talvez aqui os leitores...

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O corpo protesta com a temperatura elevada, as histórias reclamam por leitores, o viajante das viagens e andanças revoltado pelo pólen que o incómoda a cada hora que passa. Um início de semana de contestação perante as realidades meteorológica, afastamento, e carácter incompatível de ser alérgico aos grãos microscópicos de cor amarela. Em Concavada, aldeia plantada à beira rio, só a esplanada do café atrai as pessoas. Situada no largo da aldeia, junto da estrada, (...)
20.Abr.22

São nuvens de letras

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A saga do vento continua nas viagens e andanças com letras, as meninas e os meninos vêm da escola perfilados, de mãos dadas, como elos para não voarem. É sempre assim todas as vezes que a biblioteca ambulante estaciona junto da escola, não perdem uma visita com a professora que os acompanha sempre. Trazem histórias para devolver, levam outras para que lhes as leiam na escola, são como as nuvens que sobrevoam a biblioteca ambulante. Empurradas pelo vento vêem e vão, chegam (...)
11.Fev.22

Esta fonte não seca...

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Estejam onde estiveram, não pressentem a tarde primaveril que está a acontecer em Vale Zebrinho, aldeia encaixada na charneca. No momento actual se aprofundarmos o estado climatológico, não é uma tarde assim tão boa, vendo bem, é um período muito mau o que está a acontecer. O tempo seco não traz nada de bom, no vale onde se encontra a biblioteca ambulante, os rebanhos percorrem a charneca procurando erva que lhes conforte os estômagos. Os ribeiros mantêm-se activos, com as (...)
17.Set.21

Até os que nunca...

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O panorama visto do cimo do coreto inacabado, de aparência agradável, alcança a margem sul do rio, o casario ao redor do adro da igreja, a biblioteca ambulante. Ali estão as histórias que nunca se cansam das viagens sucessivas ao encontro de quem as queira ler, na demanda de leitores principiantes. Até os que nunca se afeiçoaram às folhas onde estão impressas as letras que formam as palavras, são bem vindos. As portas estão sempre abertas a todos, compareçam, nem que seja só (...)
07.Mai.21

Sem premeditação...

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Outro dia se reforça, no que irão ser as viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra. As águas do rio no qual muitas das histórias ganham acontecimentos, ainda dormem. O vento adultera o sentido da água, dando origem a pequenas ondulações, que se modificam em representações espontâneas. O rio aos olhos do viajante das viagens e andanças é uma tela, sombras, reflexos, cores, tudo misturado naturalmente. Sem premeditação acontecem histórias, das pessoas, das (...)
24.Set.20

Histórias narradas noutro tempo (revistas e corrigidas)

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  A sinuosidade da estrada que me trouxe nas viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra, ao Crucifixo e Tramagal, contrasta com as outras duas vias de locomoção alternativas, sendo uma delas já inadequada para o efeito, localizadas mais abaixo. A estrada férrea e a antepassada estrada fluvial. No passado século XVI, um rei que se apropriou da coroa portuguesa,  visionário ao mesmo tempo, ordenou edificar no leito do rio uma obra de engenharia hidráulica, o (...)
13.Ago.20

As histórias me façam distrair

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  Hoje a manhã voltou a sorrir, o vento suave que me tocava no rosto enquanto caminhava  na direcção da maior via fluvial que atravessa a meio a ponta da península, activou os músculos que teimavam obedecer ao ritmo que queria impor. No rio não se viam os patos do costume, a serenidade das suas águas absorvem os escassos raios do sol que mergulham amedrontados. Além deste que escreve, um casal e um outro que me causa espanto a sua rapidez e a distância que percorre sem se (...)
04.Ago.20

Onde muitas vezes repouso o olhar

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Na varanda, onde muitas vezes repouso o olhar, começo a distinguir para além do rio, ao longe, a aldeia  de Arreciadas, repentinamente uma vaga de memórias alcança a minha ausência do momento. No pequeno banco sentado, o João e um saco cheio de histórias pousado no chão, aguarda a chegada da biblioteca ambulante. Agora que as histórias se afastaram, continuará o João nos dias assinalados estar de olhar atento lá em cima onde a estrada desemboca no princípio da aldeia, (...)