O ar quente apoderou-se das histórias no interior da biblioteca ambulante quando as portas se abriram. Pouco tempo se manteve cálido, ao entrarem as crianças trouxeram a frescura da idade, sorrisos de ingenuidade, encheram o lugar de felicidade. As histórias não paravam de andar de mão em mão, grandes de mais para tamanha tarefa, tinham dificuldades em pesquisarem letras e palavras. A professora ajudava como podia, de um lado para o outro abrindo as histórias, libertando os (...)
Outro dia em que o sol brinca às escondidas nas viagens e andanças com letras, na aldeia do Brunheirinho um cão ladra desde que a biblioteca ambulante estacionou. A carrinha do padeiro passou perto, mais à frente uma mulher aguardava a sua chegada, recebe um saco com pão, ambos desapareceram quando voltei a olhar para o local. Com as histórias não é assim, a vontade de ler não é igual à vontade de comer pão, a biblioteca ambulante não é apressada, aguenta com tranquilidade (...)
Hoje encontrei o Neto, colega dos tempos do liceu, já nos tinha-mos avistado noutras ocasiões, ao longe, acenando com a mão. Ele a conduzir a sua carrinha ambulante a vender enchidos, azeite , massas, fruta, dando um pouco de atenção aos velhos, auxiliando-os na entrega dos alimentos. Na biblioteca ambulante o viajante das viagens e andanças a levar histórias. Encontramo-nos na aldeia do Brunheirinho, ele atarefado com uma cliente, eu acreditando que apareça algum leitor. O Neto (...)
O mundo mudou, as viagens e andanças pelas aldeias da minha terra continuam inalteradas, a tranquilidade prossegue na estrada que leva as histórias. Os animais pastam indiferentes às máquinas agrícolas, conduzidas por homens sempre a olhar na traseira do tractor, adivinhando o que poderá ainda chegar do lugar onde se levanta o sol, esventram a terra sem humidade. Um homem arremessa sementes na terra, noutra outro atira bombas, a discordância entre o nascer e o morrer é (...)
Nas águas do rio são vários os movimentos circulares estimulados pelos peixes, surgem repentinamente parecem setas voando para mergulharem rapidamente, junto da outra margem, em voo rasante dezenas de aves apressadas, umas atrás das outras vão poisar nos salgueiros mais distantes. A actividade no rio está ao rubro ainda a manhã não gracejou, na aldeia da Pucariça a biblioteca ambulante não tem leitores, no adro da igreja as portas das histórias permitem a entrada no (...)