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Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

Histórias à Beira Rio, viagens e andanças com letras pelas aldeias da minha terra

"Afinal, a memória não é um acto de vontade. É uma coisa que acontece à revelia de nós próprios." Paul Auster

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Debaixo da sombra da laranjeira, debruçado, folheando o jornal, focado nas letras maiores. A leitura ficará para mais logo, quando houver mais vagar do que aquele que tem neste momento. Já ali estiveram as mulheres sentadas, foi mais cedo, aproveitaram o sol aguardando a carrinha do padeiro. Aviadas com os sacos cheios de pão foram dali para fora, as panelas e os fogões não podem esperar muito, os refogados são fáceis de estorricar e quando se encontram umas com as outras há sempre novidades para saber. A laranjeira ainda com laranjas está ali para os proteger do sol, enquanto algumas histórias da aldeia emergem da profundidade do passado. O banco construido em alvenaria o palco, o largo a plateia, que acolhe o viajante das viagens e andanças. A biblioteca ambulante além de trazer as histórias dos outros, recolhe estes testemunhos, muitos escutados de outros que já partiram. O homem que ocupa uma parte do banco é também um contador de histórias, a idade avançada que possuí permitiu-lhe ver e ouvir histórias da aldeia, saberá ele a posição de destaque que tem no seio da comunidade, ou que as histórias da sua aldeia num futuro ainda por vir poderão partir na biblioteca ambulante à conquista de novos leitores.