A nudez do vale ...
A nudez do vale trouxe-me com as histórias, não chegámos sozinhos, mais atrás vem o inverno, juntos viemos perturbar o silêncio. Desta vez não há excesso de tranquilidade, há vida no vale, o ruído do sangue da terra a escorrer, nas artérias, enchendo veias há muito secas, não pára. O barulho da enxurrada ecoa em todo o vale, supera o alvoroço das pessoas, das aves, alarmadas pela felicidade da terra. O sol despontou, retirou autoridade a alguma aragem fria que possa soprar, imagino as mulheres nas suas casas a encherem a barriga das salamandras, com a lenha seca, vorazes como são, não demorará muito tempo para as chaminés vomitarem o que está a mais. A biblioteca ambulante tem o ventre cheio de histórias, nunca estão em demasia, há sempre alguma ausente quando um leitor ou leitora a pede. O viajante das viagens e andanças tenta arranjar desfechos alegres na parte onde estão alojadas as histórias, naquele âmago há sempre uma história pela qual os leitores se enfeitiçam, um bocado de madeira que os aquecerá nas noites vindouras.